Gustavo Montezano, presidente do BNDES, e Jair Bolsonaro, presidente da República
Marcos Corrêa/PR
Gustavo Montezano, presidente do BNDES, e Jair Bolsonaro, presidente da República

O presidente do BNDES , Gustavo Montezano , disse nesta quarta-feira (19) que novas medidas do governo federal vão ampliar o acesso de micro e pequenas empresas e que banco recebeu mais recursos do Tesouro neste ano para coordenar programas de estímulo à ecomomia durante a crise.

O presidente Jair Bolsonaro deve sancionar hoje as medidas provisórias que melhoram as condições do Programa Emergencial de Acesso ao Crédito ( Peac ) e preveem orçamento extra para o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte ( Pronampe ), além de criarem linhas de financiamento via maquininhas.

Segundo Montezano , que participou da Live do Valor desta quarta-feira, o banco administra recursos do Programa Emergencial de Suporte a Empregos ( Pese ), do Pronampe e também poderá receber os recursos para administrar os empréstimos através de maquininhas de cartão para Micro Empreendedores Individuais ( MEIs ).

Juntos, segundo ele, esses três programas significam cerca de R$ 50 bilhões aportados pelo Tesouro no banco de fomento.

Sem antecipação ao Tesouro

Montezano explicou que, com a emergência da pandemia, ficou acordado que o BNDES não faria novas antecipações de pagamentos ao Tesouro e que faria apenas amortização ordinária da dívida em 2020.

Mas, como o banco coordena programas do governo federal para auxílio à economia, acabou por ter um saldo positivo entre recursos pagos e recebidos do Tesouro.

"A quantidade de volume do Tesouro que tem alocado no BNDES subiu durante a crise. Não só a gente não pré-pagou, como recebeu esses aportes que estamos operando nesses programas de crédito", disse Montezano.

Ele lembrou que, como o Peac é um seguro de crédito, os recursos destinados a ele podem ser alavancados, o que eleva o total disponível nesses R$ 50 bilhões do Tesouro para valor na casa dos R$ 110 bilhões.

"Então o potencial que o BNDES pode induzir para micro, pequenas e médias empresas é acima de R$ 100 bilhões nesses programas, é muito substancial", disse, frisando que o mercado anual de crédito no Brasil para esse tipo de empresa fica em torno de R$ 500 bilhões e R$ 600 bilhões.

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Mais desembolsos no BNDES

Indagado sobre o processo de venda de ações da carteira da BNDESPar, Montezano lembrou que atualmente há um acordo de lock-up com os acionistas da Vale, que impede a venda dos papéis.

"Todo o resto do portfólio, chegando no preço correto, chegando no momento em que a gente enxergue demanda para executar as operações, a gente vai fazer isso de forma oportuna. Ele também não descartou possíveis investimentos pontuais em algumas companhias, mas de uma forma diferente do que era feito no passado", disse. 

"Pode fazer apoio a empresas específicas, mas sempre com o critério de desenvolvimento e algo temporário. Esses investimentos não podem ficar na empresa de forma permanente", disse.

Montezano também disse que há, no BNDES , uma tendência de aceleração dos desembolsos, em função da crise econômica. Segundo ele, o papel de um banco público de fomento é justamente apoiar a economia num momento como o atual.

"O BNDES cresce em market share (participação de mercado), mas esse movimento é natural (no atual cenário de crise)", disse.

Âncora fiscal

Indagado sobre o apoio do banco na área de telecomunicações, ele afirmou que, no segmento 5G, o objetivo do BNDES será atuar não apenas como “emprestador”, mas também no papel de atrair novos financiadores.

Montezano disse ainda acreditar que, dentro de alguns anos, a âncora fiscal será vista pela sociedade da mesma forma como hoje é encarado o controle da inflação.

"Ninguém questiona mais a relevância de ter inflação sob controle. Daqui a alguns anos, a âncora fiscal será vista da mesma forma, será inquestionável", afirmou. 

O presidente do banco de fomento reiterou ainda que a maior parte dos recursos para investimento no país tem que vir do setor privado. Segundo ele, há setores em que o aporte público continuará sendo necessário, mas ressaltou que os investimentos feitos pelo setor privado têm rentabilidade muito acima dos feitos pelo setor público.

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