Na última terça-feira (23) voltou aos holofotes a "briga" entre o Itaú e a XP Investimentos após o banco veicular um comercial afirmando que há um conflito de interesses no trabalho de um assessor de investimentos, já que as corretoras "pagam comissão para seus assessores de acordo com os investimentos feitos pelos clientes".
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Guilherme Benchimol
, CEO da XP Investimentos
, empresa que trabalha com assessoria de investimentos e que o próprio Itaú
é dono de 49% do capital, considerou o comercial um ataque à sua empresa.
Em resposta, Benchimol disse que a XP "está há 20 anos lutando contra um sistema financeiro concentrado" e usou o slogan do Itaú , o famoso "Feito para você", dizendo que "se tem algo que o banco não é, nem nunca foi, é ser feito para você".
Veja a propaganda que gerou a briga
"Desde o início, levamos educação financeira para as pessoas e mostramos que investimento se faz com visão de longo prazo e transparência. Para alcançar a nossa missão, contamos com mais de 7.000 assessores independentes, que trabalham incansavelmente para trazer as melhores oportunidades para os investidores", afirmou Benchimol, em suas redes sociais.
Na quinta-feira (25), o Itaú voltou a provocar a XP Investimentos , fazendo um post em suas redes sociais pedindo para as pessoas marcarem um amigo "que em 2019 acreditou mais no coletinho do que em uma carteira diversificada". O banco fez referência aos famosos "coletinhos" dos corretores da XP Investimentos.
A corretora respondeu afirmando que o ano é 2020 "e ainda tem gente criticando a roupa dos outros".
Depois disso, no mesmo dia, o sócio-diretor da XP, Gabriel Leal , afirmou que "O Personnalité pode acabar em 3 anos".
De acordo com o Leal , diariamente saem R$ 150 milhões em investimentos do Itaú , que migram para a XP Investimentos . "Um mercado de capitais forte desenvolve o país. É justamente esse cenário que o Itaú não quer. Ele quer o país de antigamente, com altas taxas de juros", afirmou.
O executivo também disse que a ação de marketing do Itaú é "atitude de desespero do banco, que teve a incapacidade de se reinventar". Além disso, Leal disse que o banco se beneficia "do desconhecimento do público para ganhar dinheiro".
Não é a primeira vez que as duas empresas brigam
A corretora e o maior banco do País brigam em campanhas publicitárias desde 2018. No ano, o apresentador Luciano Huck , que foi garoto-propaganda do Itaú durante anos, foi contratado pela XP . Quando estreiou em comerciais da corretora, Huck afirmava que "havia mudado para a XP", exaltando as vantagens da XP em relação a um banco tradicional.
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No segundo semestre do ano passado, a corretora se fortaleceu na comunicação, estreou uma nova identidade visual, trouxe a executiva Pethra Ferraz como a nova diretora de marketing e lançou uma propaganda em que estrelava Guilherme Benchimol , o fundador da corretora, que é um dos homens mais ricos do Brasil, com um patrimônio líquido avaliado em US$ 3 bilhões (R$ 15,46 bilhões), de acordo com a Forbes.
De acordo com o sócio-diretor da XP, Gabriel Leal : "Vamos intensificar nossa comunicação. Nosso objetivo é transformar o mercado financeiro e não vamos descansar enquanto isso não acontecer".
Posicionamento do Itaú
Em nota ao portal iG , o Itaú afirmou: "A campanha do Itaú Personnalité tem como objetivo ressaltar seus atributos positivos, como a plataforma aberta de produtos financeiros e o modelo de incentivos que tem como foco uma visão de longo prazo, além dos resultados e satisfação para o cliente. O Itaú Unibanco acredita que ética independe de modelo e há bons profissionais em todas as configurações, seja um agente autônomo ou um gerente de banco. O Itaú Unibanco está sempre aberto ao debate transparente e honesto, e não é diferente desta vez."
Posicionamento da XP Investimentos
O CEO e fundador da XP, Guilherme Benchimol , divulgou um comunicado em suas redes sociais:
"Estamos há 20 anos lutando contra um sistema financeiro concentrado que nunca inovou e nunca se preocupou com o que realmente importa: o cliente!
Tenho certeza que os bancos preferem o Brasil do passado, com juros altos e baixa concorrência, explorando ainda mais os empresários e os investidores individuais.
Quem nunca recebeu uma oferta do seu banco com um cheque especial abusivo, um empréstimo com as mais altas taxas de juros do mundo, um “investimento” na caderneta de poupança, um título de capitalização desnecessário, um fundo com taxas exorbitantes, um consórcio para bater a meta do fim do mês e assim por diante?
Temos muito orgulho do que estamos construindo. Comecei em uma sala de 25m² como assessor de investimentos e conseguimos, quase 20 anos depois, fazer com que mais de 2 milhões de brasileiros invistam melhor. Contribuímos para a criação de uma nova indústria, com mais competição, melhores produtos, melhores serviços e mais alinhamento com o cliente.
Desde o início, levamos educação financeira para as pessoas e mostramos que investimento se faz com visão de longo prazo e transparência.
Para alcançar a nossa missão, contamos com mais de 7.000 assessores independentes, que trabalham incansavelmente para trazer as melhores oportunidades para os investidores.
A nova campanha do Itaú ataca o comissionamento dos assessores na distribuição de produtos financeiros, como se ganhar dinheiro com o trabalho fosse errado. Sempre fomos transparentes nisso. O assessor é um empresário, um empreendedor que tem a sua própria empresa e somente sobrevive se a visão for de longo prazo, com um cliente realmente satisfeito e muita ética em todas as suas atitudes. Se ele falhar, não poderá mudar de emprego, mas, sim, fechará o seu negócio.
Com certeza temos muitos pontos a evoluir, natural de toda empresa. Mas trabalhamos duro para melhorar sempre e tenho orgulho de dizer que temos o maior índice de satisfação de todo o sistema financeiro brasileiro (NPS de 71 auditado). Para nós, essa é a melhor prova da sustentabilidade do nosso negócio.
A campanha do Itaú só reforça que estamos no caminho certo. Para o maior banco do país, com mais de 90 anos de tradição, ir a público e ofender uma profissão tão fundamental para o desenvolvimento financeiro dos brasileiros, é porque realmente percebeu que não consegue mais competir colocando o cliente em primeiro lugar.
Tenho uma certeza: se tem algo que o banco não é, nem nunca foi, é ser feito para você.
Apesar de toda a nossa história, estamos só no começo. Podem ter certeza de que não descansaremos enquanto todos os abusos dos bancos não acabarem.
Nosso propósito: transformar o mercado financeiro para melhorar a vida das pessoas."