A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, tem defendido consistentemente um apoio maciço aos governos para evitar cair em uma grande recessão, como a da década passada
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A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, tem defendido consistentemente um apoio maciço aos governos para evitar cair em uma grande recessão, como a da década passada

As recentes altas expressivas nas Bolsas de valores, que mostram uma "desconexão" com a contração da economia mundial devido à pandemia do coronavírus, são uma fonte "tremenda" de  incerteza e uma ameaça à recuperação da economia global, alertou o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta quinta-feira.


Em seu Relatório de Estabilidade Financeira, o FMI avisa que os mercados de ações e outros ativos de risco podem sofrer uma segunda queda se o coronavírus se espalhar mais amplamente, as quarentenas forem retomads ou as tensões comerciais aumentarem novamente, disse a entidade.

Os mercados tiveram uma queda em tempo recorde no início deste ano, afetados pela chegada da pandemia e dos lockdowns , mas se recuperaram amplamente da baixa de 23 de março.

Segundo o relatório, desde então muitos mercados se beneficiaram da enorme quantidade de ajuda injetada por vários governos e aumentaram as perspectivas de que a recuperação será rápida, apesar de os dados sobre a confiança do consumidor mostrarem uma realidade mais pessimista.

"Surgiu uma desconexão entre o otimismo do mercado financeiro e a evolução da economia global", afirmou o FMI. A desconexão "aumenta o risco de outra correção nos preços dos ativos de risco".

Contração no PIB

O FMI emitiu esse aviso depois de publicar na quarta-feira (24) uma atualização sobre suas perspectivas para a economia mundial , alertando que o mundo experimentará uma contração de 4,9% no PIB global este ano e que a recuperação em 2021 será mais lenta do que o antecipado. Para o  Brasil, é prevista uma queda de 9,1% na economia em 2020.

A principal vulnerabilidade identificada pelo FMI é a ameaça sobre a recuperação em caso de "diminuição do apetite por ativos de risco", o que foi beneficiado pelo apoio financeiro fornecido por vários países para combater a crise.

O FMI lembrou que os mercados de risco e de dívida sofreram perdas nas primeiras semanas da pandemia, mas vêm ganhando terreno desde então.

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Consequências inesperadas

A principal preocupação é que, no caso de quaisquer contratempos – como uma segunda onda de infecções, uma recessão mais profunda do que o esperado ou uma intensificação da agitação social – a recuperação poderá ser comprometida.

O FMI observou em seu relatório que o apoio "sem precedentes", através da injeção de liquidez, empréstimos e taxas de juros mais baixas, "amorteceu o impacto da pandemia na economia global e diminuiu o impacto imediato sobre o sistema financeiro".

A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, tem defendido consistentemente um apoio maciço aos governos para evitar cair em uma grande recessão, como a da década passada.

O FMI também alertou que a crise da pandemia pode cristalizar outras vulnerabilidades e que os altos níveis de dívida existentes podem se tornar "incontroláveis", ameaçando a resiliência dos bancos em alguns países.

Outro ponto de preocupação citado no relatório são os riscos de que vários mercados emergentes precisem de refinanciamento e que algumas economias podem se ver sem acesso à liquidez.

Tobias Adrian, diretor do Departamento de Mercados de Capitais e Monetários do FMI, alertou que "os formuladores de políticas precisam estar vigilantes sobre as consequências não intencionais" de fornecer dinheiro fácil.

"Uma vez que a recuperação ganhe um ritmo firme, os responsáveis deveriam resolver urgentemente as fraquezas que podem semear problemas futuros e ameaçar o crescimento a médio prazo", alertou o FMI.

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