Nova ferramenta que permitirá transferência de dinheiro pelo WhatsApp pode facilitar a clonagem de contas e golpes
Divulgação/WhatsApp
Nova ferramenta que permitirá transferência de dinheiro pelo WhatsApp pode facilitar a clonagem de contas e golpes

As operações de pagamento via WhatsApp vão facilitar a vida dos usuários com a possibilidade de enviar e receber dinheiro, usando cartões cadastrados, fazer transferências bancárias de forma mais ágil e com custo zero para pessoa física, ou mesmo comprar produtos e serviços sem sair da plataforma.

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Mas o novo meio de pagamento também traz um grande desafio sobre a segurança dos dados, especialmente pela multiplicação de golpes e clonagem de contas .

O Brasil será o primeiro país a usar o serviço, que terá como parceiros BB, Cielo, Nubank, entre outros. O limite será de R$ 1 mil por transação. A ferramenta permite transferir e receber dinheiro em transações instantâneas, usando cartões de débito habilitados no Facebook Pay. Além disso, contas cadastradas no WhatsApp Business podem receber pagamentos por produtos e serviços.

Entre outros cuidados necessários, é preciso ficar atento ao clicar em links enviados pelos próprios contatos, como amigos e parentes. Além disso, é preciso se certificar sobre a identificação do usuário antes de fazer pagamentos e enviar recursos, assim como evitar o compartilhamento de dados do cartão.

Para advogados e especialistas em meios de pagamento, o envio de dinheiro via WhatsApp vai baratear os custos para pessoas físicas e lojistas e tem potencial para aumentar a inclusão bancária.

Por outro lado, eles alertam para os riscos de vazamentos de dados dos usuários e para as ações de hackers, que clonam contas de WhatsApp e roubam dados, como números de cartões e CPFs.

Para eles, embora seja necessária uma atualização das políticas de proteção de dados pela plataforma, os cuidados para evitar a clonagem de contas e o vazamento de informações também são um exercício diário para os usuários.

Rodrigo Dias Pinho Gomes, coordenador de Direito e Tecnologia da Escola Superior de Advocacia da OAB-RJ, avalia que a operação é um passo importante na facilitação de meios de pagamento pela possibilidade de transferência gratuita entre usuários, simplificação de processos e redução de custos para negócios e lojistas que operam por meio da plataforma.

Os pagamentos são feitos dentro de uma função chamada Facebook Pay . Além do WhatsApp, o Facebook é dono do Instagram.

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Política de privacidade

Gomes observa que será necessário implementar mudanças nas políticas de privacidade e protocolos de proteção de dados dos usuários da rede social, com informações claras sobre locais de armazenamento e compartilhamentos das informações pessoais.

"Hoje, as mensagens trocadas entre os usuários do WhatsApp são criptografadas, o que quer dizer que você tem uma segurança. Mas o Facebook vai repassar dados do usuário a terceiros fora da plataforma, que, neste caso, são as instituições financeiras parceiras. As informações ficarão mais expostas. Quantas milhões de transações serão feitas por dia? Não é ilegal, mas o WhatsApp tem que garantir a segurança disso, porque atrai um risco muito grande. As informações podem ser acessadas por hackers", lembrou Rodrigo.

Dinheiro sujo

George Leandro Luna Bonfim, do escritório Natal & Manssur, especialista em propriedade intelectual e proteção de dados, ressalta que os usuários deverão redobrar os cuidados para minimizar os riscos de terem suas contas invadidas:

"Como toda ferramenta que facilita envios de dinheiro e transações financeiras, é importante destinar o pagamento e autorizar a remessa de dinheiro. É preciso ter cuidado com dados pessoais e evitar clicar em links que chegam por meio de contatos para reduzir as chances de clonagem do celular, que poderá permitir o acesso ao WhatsApp", afirma George.

O coordenador de Direito e Tecnologia da Escola Superior de Advocacia da OAB-RJ, Rodrigo Dias Pinho Gomes, lembra que as transações serão comunicadas ao Banco Central (BC) pelas instituições financeiras parceiras do WhatsApp na operação do sistema.

Segundo ele, isso ajudará a rastrear as operações financeiras ilegais e a lavagem de dinheiro. O limite diário de recursos por operação também ajuda a coibir este tipo de crime.

"Embora seja um volume muito elevado de transações diárias, essas informações vão ficar registradas no sistema bancário e serão 100% rastreáveis, porque terão regulação e não passarão à margem do sistema bancário. As operações com criptomoedas (peer to peer) são muito mais difíceis de rastrear", exemplificou.

Negócios

Luiz Fabbrine, sócio de serviços financeiros e fintechs da consultoria Bip, observa que a ferramenta vai ajudar a reduzir significativamente os custos de operação de pequenos negócios no Brasil, especialmente aqueles que migraram para serviços digitais durante a pandemia:

"Estas transações com pagamento quase instantâneo trazem agilidade para o recebedor com um custo menor. É provável que surjam outras ferramentas que possam oferecer serviços como este, aumentando a concorrência. Para o lojista, o novo meio significa receber o fluxo de pagamento de forma mais rápida. Hoje, normalmente a cadeia de pagamentos tem muitos intermediários. Estas inovações tendem a tornar o processo mais rápido do ponto de vista do lojista", ressaltou.

As empresas pagarão uma taxa de processamento para receber os pagamentos dos clientes, semelhante às cobranças feitas em operações com cartões de crédito. Com o recurso do WhatsApp, além de ver os produtos no catálogo, os clientes poderão fazer o pagamento dos itens escolhidos sem sair do WhatsApp.

Saiba como se proteger de golpes:

  • Utilize aplicativos e sistemas de antivírus para proteger o celular e o computador;
  • Tenha cuidado ao tocar em links compartilhados no WhatsApp ou nas redes sociais;
  • Sempre verifique as informações compartilhadas nos sites oficiais das empresas;
  • Desconfie de promoções, brindes e descontos; e
  • Nunca compartilhe dados pessoais em sites dos quais não conhece a procedência.

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