A pobreza extrema, a falta de saneamento básico e a precariedade das moradias são desafios para conter a expansão no Brasil da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). Todos devem  lavar bem as mãos com água e sabão, manter a higiene pessoal e da casa. Quem está com suspeita de infecção deve se isolar, num cômodo separado de outras pessoas, como indica o Ministério da Saúde. Com o quadro social e econômico do país, como fazer isso em larga escala?

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Lavar as mãos é uma das melhores armas contra o novo coronavírus, mas falta água e sabão para bilhões de pessoas no mundo
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Lavar as mãos é uma das melhores armas contra o novo coronavírus, mas falta água e sabão para bilhões de pessoas no mundo


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A realidade do Brasil é a seguinte: 31,1 milhões de brasileiros (16% da população) não têm acesso a água fornecida por meio da rede geral de abastecimento; 74,2 milhões (37% da população) vivem em áreas sem coleta de esgoto e outros 5,8 milhões não têm banheiro em casa, de acordo com informações do G1.  São ainda 11,6 milhões de brasileiros (5,6% da população) que vivem em imóveis com mais de 3 moradores por dormitório, considerado de grande adensamento.


Os números sobre condições de habitação são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) de 2018 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  Já os números sobre o saneamento são de 2018 do Instituto Trata Brasil, formado por empresas que atuam no setor de saneamento e proteção de recursos hídricos. Segundo o presidente-executivo do instituto, Édison Carlos, é possível afirmar que a situação continua a mesma da época em que os dados foram coletados.

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“Temos tido um avanço [no saneamento básico], mas é muito pequeno, principalmente em relação à água tratada, cuja oferta está estagnada há mais ou menos dez anos. O que o país tem investido em água tem coberto apenas o avanço demográfico, a expansão das cidades – mas não consegue atacar o déficit", afirma ele.

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Já há transmissão comunitária do novo coronavírus em todos os estados brasileiros. O vírus circula entre os moradores do Brasil e não somente com quem teve contato com pessoas que viajaram para o exterior.

"Como é que vai lavar as mãos se não tem água em casa?", questiona o presidente do Trata Brasil. Édison Carlos destaca que mesmo em lugares com abastecimento de água tratada muitas vezes recebem fornecimento é intermitente, ou seja, a população não conta com água tratada em tempo integral. Segundo ele, faltam dados precisos para informar exatamente quantos domicílios brasileiros recebem água tratada 24 horas por dia, sete dias da semana, sem interrupção.

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De acordo com informações do IBGE, o Nordeste – que até terça-feira (24) tinha 16% dos casos confirmados de coronavírus do país – tem a maior quantidade de gente sem fornecimento de água: são mais de 11 milhões de pessoas (37% de toda a população que não tem acesso à água).
Já o Sudeste – que tem 58% dos casos de Covid-19 – tem índices melhores de saneamento básico, mas, ainda assim, são perto de 7 milhões de pessoas sem água (21% de toda a população brasileira sem fornecimento de água) e mais de 10 milhões sem coleta de esgoto (14%).

Édison Carlos, do Instituto Trata Brasil, destaca ainda o fato de que a população mais vulnerável social e economicamente é, também, a que enfrenta maior escassez de saneamento. "São pessoas que moram nas periferias das grandes cidades, em favelas, áreas de invasão, áreas rurais, no semiárido”, disse. Diante deste cenário, todos os esforços de lavar bem as mãos com água e sabão, manter a higiene pessoal e da casa devem ser redobrados na medida do possível.

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