LONDRES - A perspectiva de uma depressão econômica devido à pandemia do novo coronavírus levou os líderes dos principais países europeus a investirem pesado em programas de estímulo fiscal. Os pacotes anunciados até agora somam € 1,8 trilhão (R$ 9,85 trilhões).
Trata-se de mais do que tudo o que se produziu na economia brasileira no ano passado, quando o Produto Interno Bruto (PIB) chegou a R$ 7,3 bilhões. Há exatas duas semanas, o valor estava em torno de € 100 bilhões (R$ 547 bilhões).
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Os programas incluem injeção de recursos
diretamente na economia a partir de redução de impostos para empresas e pessoas físicas,
capital de giro para empresas e compensação de parte importante dos salários da população economicamente ativa que não tem como trabalhar, entre outros.
Na madrugada desta quinta-feira, o Senado americano aprovou um pacote "histórico" de estímulos de US$ 2 trilhões para atenuar os impactos da Covid-19 sobre a economia do país. O plano deverá auxiliar trabalhadores, empresas e o sistema de saúde.
A Alemanha anunciou € 550 bilhões (R$ 3 trilhões), uma bazuca, segundo o ministro das Finanças, Olaf Scholz:
Empresários criticam resposta econômica e reclamam de falta de liderança
- Estamos colocando nossas armas sobre a mesa.
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou que “tempos extraordinários requerem ação extraordinária”, ao anunciar um programa de estímulo de € 750 bilhões.
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Linhas de crédito
No Reino Unido, o governo já anunciou três pacotes de estímulo, no total de 418 bilhões de libras, cerca de R$ 2,7 trilhões. Foi suspensa a cobrança do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) para o comércio e para os trabalhadores. Serão garantidos 80% dos salários, até o limite de 2.500 libras (quase R$ 15 mil) por mês, pouco acima das média salarial do país.
Os trabalhadores por conta própria terão um prazo maior para recolher impostos, além de benefícios sociais mais generosos. A cobrança de hipotecas está temporariamente suspensa. Os empregadores também terão acesso a cortes de tributos e linhas de crédito, a fim de ter dinheiro em caixa para pagar os funcionários.
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O governo dinamarquês, por sua vez, vai cobrir 75% dos salários (até o limite de 23 mil coroas dinamarquesas, ou R$ 17 mil, por mês) nas empresas privadas, desde que elas não demitam. Os suecos darão subsídios pesados para compensar 90% dos salários dos trabalhadores cuja jornada for reduzida.
A França anunciou um pacote de € 345 bilhões (R$ 1,9 trilhão), que inclui suspensão das contas de luz e gás para pequenos e microempresários. A reforma da Previdência foi deixada de lado. O governo também ampliou os benefícios sociais para os trabalhadores.
Na Itália, o governo dará € 500 (R$ 2.700) para cada trabalhador por conta própria, além de subsidiar temporariamente os salários de parte de quem perdeu o emprego. E anunciou um pacote de estímulo fiscal de € 25 bilhões (R$ 137 bilhões), que deve incluir a nacionalização da companhia aérea Alitalia.
A Grécia proibiu demissões e dará € 800 (R$ 4,4 mil), em abril, a quem perdeu o emprego antes da publicação do decreto.
Relatório feito pelo Brueguel, think tank baseado em Bruxelas, defende, entre outras medidas, reduzir à metade, durante três meses, a contribuição de seguridade social recolhida pelas empresas.
Na Austrália, o governo dará subsídios às pequenas empresas e vai pagar US$ 750 australianos (R$ 2,2 mil) para todos os cidadãos de baixa renda no fim deste mês.