Falar sobre a morte é um dos últimos tabus da sociedade moderna, mesmo sendo a única certeza que temos na vida. Contudo, o envelhecimento da população fará do luto, e dos cuidados a ele relacionados, temas cada vez mais em voga no dia a dia das pessoas. De olho nessa tendência demográfica, a boutique mineira de investimentos Seven Capital aposta tanto no mercado para a terceira idade quanto nos negócios funerários. A Seven já possui duas empresas. Uma delas é a Parque Brasil, que faz a prospecção de terrenos e constrói cemitérios e crematórios. A meta é aproveitar a demanda crescente pela cremação, algo que começa a se popularizar no Brasil depois de avançar nos Estados Unidos e no Canadá (observe o quadro). Outra companhia é a Ikaria, plataforma digital com produtos e serviços para a terceira idade a ser lançada em outubro.
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A terceira iniciativa, diz Hugo Tanure, diretor do comitê de investimentos da Seven Capital, junta a demanda por cremação a uma proposta sustentável. A empresa BiosBrasil vai lançar bioparques, em que as cinzas dos falecidos serão depositadas para estimular o crescimento das árvores. “Identificamos uma oportunidade relacionada à destinação das cinzas a partir do momento que a pessoa opta pela cremação, alternativa que tem crescido consistentemente”, diz Tanure, que também é CEO da BiosBrasil. “Atuamos em um setor com menor dependência do cenário macroeconômico e político do país”.
Do pó à planta
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Em cada um dos bioparques , com área verde ao redor de 1,5 milhão de metros quadrados, serão plantadas 30 mil árvores. Sua germinação será auxiliada pelas cinzas. “Elas são 100% minerais e contribuem para o crescimento da flora local”, diz o executivo, sem parentesco com o empresário Nelson Tanure. Apesar de lançar as cinzas em parques ser uma prática tradicional (e gratuita), o empresário garante que consegue agregar valor à prática. “Vamos oferecer uma experiência que une o passado, com as memórias de quem já se foi, com o presente e o futuro, por meio da plantação de árvores e do uso da tecnologia”, diz ele.
À frente de cada planta estimulada pelas cinzas haverá uma placa com QR Code, com o perfil virtual do finado. Para garantir a sustentabilidade ambiental, as urnas nas qauis serão depositadas as cinzas e as sementes são biodegradáveis. Para homenagear o ente querido, o custo pelo serviço vai variar entre R$ 15 mil a R$ 20 mil por árvore. Haverá a opção de pacotes com até vinte árvores, que formarão um bosque a ser usado por uma família inteira. A expectativa é que a BiosBrasil alcance um faturamento de R$ 3 bilhões quando os parques estiverem plenamente arborizados.
O primeiro bioparque será lançado na cidade de Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte. Para fazer o manejo do terreno, a BiosBrasil conta com o apoio da Universidade Federal de Viçosa e do Instituto Mineiro de Agropecuária . Com pesquisa e desenvolvimento, foram gastos até agora cerca de R$ 20 milhões. Para construir os seis parques serão investidos de R$ 100 milhões a R$ 150 milhões. Em cada uma das capitais haverá a abertura para a entrada de novos sócios locais no empreendimento. O segundo parque será em São Paulo e a previsão é que ele esteja pronto até 2020. “Quando o bioparque de São Paulo estiver em operação, começaremos os estudos para realizar a abertura de capital da BiosBrasil na bolsa”, afirma Tanure.
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Cada parque terá até sete espécies de árvores para escolha. Pelas características específicas do bioma das regiões, as capitais terão diferentes opções. Em Minas Gerais, serão ipê amarelo, pau brasil, jacarandá, acácia, quaresmeira, sibipiruna e jequitibá. “Em um momento em que se fala tanto sobre a Amazônia , medidas que tragam a preocupação com o meio ambiente são muito importantes, até porque o sepultamento não é totalmente ecológico”, afirma Tanure. Ele diz que os bioparques terão cunho ecumênico, sem discriminação de qualquer tipo de crença religiosa. No plano da BiosBrasil, consta ainda o lançamento do modelo de franquias e bioparques voltados para o mercado pet.