![Previsão da produção econômica do Brasil foi reduzida em 1,3 pontos percentuais pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) Previsão da produção econômica do Brasil foi reduzida em 1,3 pontos percentuais pelo Fundo Monetário Internacional (FMI)](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/0m/6o/3d/0m6o3dhoe113mlhz9v90g4o80.jpg)
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a menos da metade sua projeção de crescimento para o Brasil este ano, de 2,1% para 0,8%, de acordo com o relatórioPanorama Econômico Mundial, divulgado nesta terça-feira (23).
A queda frente à estimativa de abril foi de 1,3 ponto percentual. Apesar da forte redução, a previsão, agora, está em linha com as do mercado , que também prevê crescimento em torno de 0,8%.
Para 2020, o Fundo prevê crescimento de 2,4% , redução de 0,1 ponto percentual em relação à estimativa anterior, de abril.
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Segundo o documento, a atividade econômica desacelerou
bastante nas economias da América Latina, refletindo um caráter peculiar, "idiossincrático", nos processos do setor. "A expectativa de crescimento da região, agora, é de 0,6% este ano", contra 1,4% em abril. Para 2020, a projeção é de 2,3%.
O maior impacto para a América Latina vem do México , onde houve queda no consumo das famílias e o PIB foi revisado de 1,6% para 0,9% este ano, e do Brasil. "A confiança enfraqueceu consideravelmente, à medida que persiste a incerteza sobre a aprovação da reforma da Previdência e outras reformas estruturais", aponta o relatório sobre o Brasil.
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A reforma da Previdência foi aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados há cerca de dez dias, com impacto fiscal de cerca de R$ 900 bilhões. O projeto precisa do aval dos deputados em segundo turno e ainda terá de passar no Senado.
O documento do FMI foi elaborado antes do anúncio de medidas de estímulo econômico como a liberação de recursos do FGTS, que deve ser detalhada amanhã (quarta-feira).
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Sobre a Argentina, o relatório afirma que "a economia contraiu no primeiro trimestre, mas a um ritmo menor do que em 2018". A projeção para o país vizinho caiu levemente em relação ao relatório de abril, e a de 2020 ficou mais modesta.
Efeito da guerra comercial
No mundo, a economia ainda avança lentamente, atesta o levantamento do FMI, especialmente devido à guerra comercial entre Estados Unidos e China, com as respectivas retaliações nas tarifas sobre produtos.
"Uma escalada da disputa foi contida pela cúpula do G-20. (Mas) Cadeias de suprimentos globais foram ameaçadas pela perspectivas de sanções americanas", indica o relatório.
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Outro fator de incerteza na economia é a questão da saída do Reino Unido da União Europeia (UE), o Brexit. Há ainda o petróleo: "tensões geopolíticas causaram turbulências nos preços do setor de energia", afirma o FMI .
Assim, o crescimento global projetado para este ano é de 3,2%, e de 3,5% em 2020 — uma queda de 0,1 ponto percentual nos dois casos.
O relatório cita ainda a inflação baixa, tanto nos países ricos como nas economias emergentes — à exceção de Argentina, Turquia e Venezuela. Os preços controlados, aponta o FMI, permitem uma política monetária mais acomodativa. Há expectativa de que os EUA reduzam sua taxa básica de juros na semana que vem, e mesmo no Brasil espera-se um corte.
O Fundo, no entanto, ressalta que, nos emergentes, "a política fiscal deveria concentrar-se em reduzir o endividamento, mas, ao mesmo tempo, dar prioridade às necessidades de gastos sociais e de infraestrutura", em lugar de "subsídios mal direcionados."
De acordo com o Fundo, as estimativas divulgadas até agora apontam para uma atividade global mais fraca que o previsto. "O investimento e a demanda por bens de consumo duráveis se reduziram tanto em mercados desenvolvidos quanto emergentes, à medida que empresas e famílias continuam a evitar gastos de longo prazo". Assim, a possível retomada do crescimento em 2020 é ainda considerada precária.
Clima no radar
O relatório cita ainda o clima. "A mudança climática continua a ser uma ameaça que paira sobre a saúde e os meios de subsistência em muitos países, bem como sobre a atividade econômica mundial." E observa ainda que muitos governos não estão obtendo apoio da população para lidar com o aquecimento global.
O FMI alerta que ações nacionais e multilaterais são vitais "para tornar o crescimento global mais firme", como a redução de tensões comerciais e tecnológicas e a resolução de incertezas que rondam acordos comerciais, como no caso dos EUA e da UE e da área de livre comércio entre Estados Unidos, Canadá e México.