Roberto Campos Neto, presidente do BC, defendeu que governo não deve
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Roberto Campos Neto, presidente do BC, defendeu que governo não deve "cair na tentação" de cortar juros

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a afirmar nesta quarta-feira (29) que uma nova redução na taxa básica de juros, a Selic, não é o instrumento para estimular a atividade econômica no momento. Segundo ele, não se deve "cair na tentação" de trocar crescimento de curto prazo por inflação mais alta.

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A Selic está hoje em seu menor patamar histórico, de 6,5% ao ano, mas a economia não tem reagido mesmo com o corte de juros . Um dos motivos é que o mercado está em compasso de espera pela aprovação da reforma da Previdência, avaliada pelo governo como a principal medida de ajuste das contas públicas.

"Existe, sim, a preocupação com crescimento econômico, e a melhor forma de atingi-lo é entregar a meta de inflação constantemente, ter expectativas ancoradas nisso, e não cair na tentação de trocar crescimento de curto prazo por uma inflação mais alta", defendeu Campos Neto em entrevista coletiva no Banco Central.

O chefe da autoridade monetária e diretores da instituição apresentaram os novos pontos da Agenda BC+, que reúne os projetos prioritários para o Banco Central . Entre os temas, estão inclusão e educação financeira, aumento da competição entre os bancos e transparência. É o que a instituição chama de “agenda micro” para destravar a economia brasileira no curto prazo.

Na pauta também está a conversibilidade da moeda. O BC quer permitir a abertura de contas em dólares no Brasil e de contas em reais no exterior, na medida em que outros países demonstrem interesse. Segundo o diretor de regulação da autarquia, Otávio Damaso, as regras que hoje regem o câmbio no país estão defasadas, já que foram estabelecidas entre 1920 e 1950, o que dificulta a vida de quem depende de exportações e importações.

"O arcabouço legal que temos hoje para o câmbio não facilita vida do produtor, da indústria, do comércio, de quem investe no país. Empresas grandes, que vivem de exportações, e que durante o ano fazem inúmeras operações de câmbio para mandar produtos pro exterior, são submetidas a conjunto de burocracias que cria um custo Brasil", afirmou Otávio Damaso .

Campos Neto reforçou que não há conclusões definitivas sobre ser criada uma 'dolarização' da economia brasileira, argumentando que isso não é provado em nenhum estudo e que, em alguns casos, o efeito foi o contrário: volatilidade menor.

A medida, que traria mudança significativa, necessita ainda de aprovação do Congresso Nacional. O presidente do BC afirmou que a autoridade monetária prepara uma minuta para apresentar ao legislativo em breve e que quer ver mudanças ainda na atual gestão.

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"Queremos ter uma moeda conversível em dois ou três anos. Tenho apostado numa agenda constante de comunicação com o Congresso, com o presidente Rodrigo Maia, temos cafés recorrentes com senadores e deputados. É uma agenda amigável", relatou Campos Neto.

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