A presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Susana Cordeiro Guerra, confirmou, na noite desta terça-feira (28), a redução no número de perguntas dos questionários do Censo 2020.
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Segundo Guerra, o questionário básico, que será aplicado em todos os 71 milhões de domicílios brasileiros terá 25 perguntas, e não mais 34 como na última pesquisa, realizada em 2010. Dessa forma, o tempo de preenchimento do Censo 2020 passa de sete para quatro minutos, em média.
Já o questionário mais completo, destinado a uma amostra de 10% das residências do País, teve uma redução de 102 perguntas para 76.
Com a diminuição no número de perguntas do questionário , os gastos com a realização da pesquisa sofre passa dos R$ 3,1 bilhões previstos para R$ 2,3 bilhões, uma redução de 25%. O corte no orçamento do Censo foi determinado pelo governo , em meio a uma política de redução de gastos em muitos setores do País.
Apesar do enxugamento de perguntas ser resultado do corte no orçamento, a presidente do IBGE diz que a redução da pesquisa está em sintonia com a tendência internacional e visa uma modernização que torne a operação mais simples e ágil.
"O mundo inteiro está caminhando para uma otimização da operação censitária", disse Guerra, que reconhece o contexto de restrição orçamentária do País, mas nega ter recebido qualquer orietanção do governo federal para diminuir os questionários. "Nunca houve uma ordem para diminuir o número de perguntas. A única coisa que houve foi um quadro de restrição orçamentária", afirmou.
"Mas o IBGE tem total autonomia e independência para decidir como vai se adequar a esse contexto. E mesmo sem a restrição orçamentária, nós estaríamos tomando as mesmas decisões que estamos tomando nesse momento", completou a presidente.
Exugamento não deve prejudicar Censo 2020, diz IBGE
Susana justifica o enxugamento com um novo momento do Brasil. Segundo ela, é impossível pensar numa mesma forma de se fazer, em 2020, o mesmo questionário pensado para 2010. "O mundo mudou e o Brasil também mudou. O mundo está mais veloz. As pessoas tem uma atenção mais curta. Elas estão inseridas em várias mídias sociais. Lidamos com outro tipo de cidadão e outra propensão de abordagem. Podemos imaginar diversas diferenças que separam esses últimos 10 anos em termos tecnológicos", disse.
O diretor de pesquisas do IBGE , Eduardo Rios-Neto, disse que mais importante que o número de perguntas é a qualidade dos questionários. "Essa numerologia não é a principal questão. O principal é a qualidade do questionário e as dimensões coletadas. Muito mais que a questão de números de perguntas é o tempo de coleta dos dados. Esse é o grande desafio do Censo", explicou.
Mudanças
Entre os temas que não estarão mais presentes no Censo 2020, estão perguntas envolvendo a emigração internacional, que foram totalmente excluídas sob o argumento de que se trata de um evento raro e que os dados sobre o tema podem ser obtidos em registros da Polícia Federal e em estimativas demográficas.
Questões que dizem respeito ao deslocamento de estudantes até suas unidades de ensino, ao estado civil e ao número de horas trabalhadas. Segundo o IBGE, essas informações poderão ser obtidas respectivamente em pesquisas amostrais regulares, em dados de registro civil coletados pelo IBGE e na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
Confira a lista de temas que estarão inclusos na pesquisa:
- lista de moradores;
- características do domicílio;
- identificação étnico-racial;
- nupcialidade;
- núcleo familiar;
- fecundidade;
- religião ou culto;
- deficiência;
- migração interna e internacional;
- educação;
- deslocamento para estudo;
- deslocamento para trabalho;
- trabalho e rendimento;
- mortalidade.
O Censo
O Censo brasileiro é realizado a cada dez anos e é a única pesquisa domiciliar que vai a todos os 5.570 municípios do País. Seu objetivo é medir densidade populacional e oferecer um retrato da população brasileira. As informações obtidas subsidiam a elaboração de políticas públicas e decisões dos governos relacionadas com a alocação de recursos financeiros.
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Para o Censo 2020 , o IBGE pretende mobilizar até 190 mil recenseadores. A última edição foi em 2010. De lá para cá, o IBGE estima que a população tenha aumentado em cerca de 10,4%.