A realização do censo demográfico do IBGE já vinha sendo ameaçada por falta de recursos desde agosto do ano passado
Fernando Frazão/Agência Brasil
A realização do censo demográfico do IBGE já vinha sendo ameaçada por falta de recursos desde agosto do ano passado

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) vai revisar a metodologia e a operação do censo demográfico de 2020 para fazê-lo caber em um orçamento 25% menor do que o previsto. O assunto, segundo publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo, foi pauta de uma reunião entre a nova presidente do instituto, Susana Cordeiro Guerra, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, na última sexta-feira (5).

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A realização do censo demográfico do IBGE já vinha sendo ameaçada por falta de recursos desde agosto do ano passado, pelo menos. De acordo com o Estadão, e equipe econômica do ex-presidente Michel Temer (MDB) defendia que o levantamento fosse mais enxuto para se adequar às restrições orçamentárias do governo.

Todos os testes e preparativos para a publicação do censo demográfico, marcada para 2020, já estão em andamento. O instituto, porém, ainda não recebeu garantia de verbas para aquisição dos equipamentos necessários e contratação de pessoal especializado. O custo total para a realização do censo foi calculado em R$ 3,4 bilhões.

 Até agora, o IBGE recebeu apenas parte dos recursos que pediu à União ainda em 2018. Dos R$ 344 milhões necessários para investir em tecnologia neste ano, o instituto embolsou R$ 240 milhões – ou menos de 70%. Para os preparativos da operação censitária, foram concedidos R$ 6,7 milhões (89,3%) dos R$ 7,5 milhões inicialmente previstos.

Em nota divulgada nesta terça (9), o IBGE afirmou que o censo demográfico de 2020 é prioridade, mas "desafios adicionais se apresentam" neste momento. "No governo federal como um todo, a diretriz é de restrições orçamentárias e a realização do Censo requer a aprovação de orçamento pela União", explicou o instituto.

O órgão ainda informou que está estudando alternativas para viabilizar a execução do censo e garantir a qualidade do processo. "A  redução orçamentária tornou-se um fator essencial. [...] Com isso, torna-se necessário ajustar os questionários, de modo que se possa eleger que informações fundamentais devem ser pesquisadas no Censo e quais podem ser obtidas por outras pesquisas amostrais. Não haverá perda de informações", garantiu o IBGE.

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Ao final, o instituto salientou que eventuais alterações no questionário do censo de 2020 só serão implementadas após consultas à Comissão do Censo, à Comissão Técnica, a um grupo de especialistas e a órgãos internacionais. "A sociedade será devidamente informada quando o quadro final estiver concluído", assegurou.

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Feito a cada dez anos, o censo demográfico do IBGE é a principal fonte de referência para o conhecimento das condições de vida da população em todos os municípios do País e em seus recortes territoriais internos. O primeiro levantamento do instituto – apenas o quinto realizado no Brasil – foi feito em 1940.

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O questionário básico da pesquisa avalia fatores como as características dos domicílios brasileiros (como as condições de ocupação e a existência ou não de energia elétrica, por exemplo), perfil étnico-social dos moradores e índices regionais de mortalidade. É por meio do censo demográfico que o IBGE estima o número de habitantes no País.

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