Renda, deslocamento, espaço urbano, migração e nupcialidade são temas que devem ter a investigação reduzida no Censo 2020, no corte do questionário que a presidente do IBGE, Susana Cordeiro Guerra, pretende realizar.
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Essas propostas foram feitas por técnicos e surgiram depois que Susana pediu à equipe que reduzisse as perguntas. Mais de 200 funcionários do IBGE se reuniram, nesta terça (7), em assembleia, na porta do prédio na Avenida Chile, no Centro do Rio, para protestar contra a saída dos diretores de Pesquisas, Cláudio Crespo , e Informática, José Bevilacqua, e defender o Censo .
Na manifestação, Crespo disse a colegas do instituto que “o diálogo deve ser mantido”:
Estamos em um momento de elaboração e temos grandes desafios. Se vamos receber um novo diretor, temos que ouvi-lo. O diálogo deve ser mantido. O nosso maior propósito é ter o Censo com qualidade, que dignifique o trabalho e a história do IBGE
.
Entre as mudanças que o sindicato quer impedir está a decomposição do rendimento dos domicílios. Não se perguntaria mais o que é do trabalho, de aposentadorias e pensões, de aluguéis ou de benefícios sociais (como Bolsa Família e Benefício de Prestação Continuada), mas apenas o rendimento total.
Proposta com 98 itens
Outro bloco que pode sair do questionário é o de deslocamento para educação, que levanta o tempo gasto no percurso e como as crianças chegam na escola, se a pé, de ônibus ou de bicicleta, por exemplo.
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O bloco de migração também sofreria cortes, como a pergunta sobre o tempo que a pessoa vive em determinado estado. Sairiam também os dados de nupcialidade. E a apuração sobre tablet ou smartphone no domicílio deixaria de ser feita pelo Censo.
"Reclamam do bloco de emigração. Mas ele leva só sete segundos e é fundamental para o cálculo das projeções populacionais", diz Luanda Botelho, do Núcleo Sindical da Avenida Chile.
O levantamento sobre as condições no entorno da habitação, incluído no Censo de 2010, também corre o risco de cair. Ele mostra, por exemplo, se há pavimentação, arborização e rampa para cadeirante.
Podem cair ainda as perguntas de segurança, feitas para confirmar determinadas informações. Como a que questiona novamente se há crianças no domicílio. Pelas experiências censitárias, há problemas de contagem de crianças nas casas. Por isso, as recomendações internacionais são de o recenseador perguntar mais de uma vez.
A última proposta apresentada pelo corpo técnico do IBGE tinha 98 itens. Segundo informações, o economista Ricardo Paes de Barros teria recomendado que o Censo tivesse até cem itens.
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O Censo 2020 já está caminhando para a oitava de suas dez etapas. No momento, passa pela fase de teste do questionário, cognitiva, para saber se as pessoas estão entendendo bem as perguntas. A próxima etapa é o Censo experimental, em setembro.
"É preocupante ir para o Censo experimental sem avaliar o questionário. Essa etapa é para testar a operação como um todo", comenta Bruno Peres, coordenador do Núcleo Sindical da Avenida Chile.