Após pressão e ameaças de novas paralisações dos caminhoneiros, a Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT) anunciou o reajuste da tabela do frete, que estabelece os valores mínimos para o frete rodoviário. A alta média no preço será de 4,13%, segundo o órgão.
A nova tabela do frete foi publicada nesta quarta-feira (24) depois de um grupo de representantes de caminhoneiros e de motoristas autônomos se reunir com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, inibindo os riscos de nova greve . No encontro, o governo se comprometeu a atrelar o reajuste da tabela à alta no preço do óleo diesel.
Além disso, o ministro garantiu que será intensificada a fiscalização do cumprimento do piso mínimo do frete . Os caminhoneiros descartaram, então, uma nova paralisação nas próximas semanas.
A ANTT publicou a nova tabela após o óleo diesel ter subido 10,69% na comparação com janeiro, conforme o órgão. Hoje, a lei determina que a tabela seja reajustada sempre que o preço do óleo diesel tenha oscilação superior a 10%. Além disso, está em andamento uma consulta pública para estabelecer as regras gerais, a metodologia e os indicadores da tabela do frete.
A nova tabelação é mais um aceno do governo de Jair Bolsonaro (PSL) para conter a insatisfação dos caminhoneiros às vésperas do aniversário de um ano da greve de maio de 2018 completar um ano. O movimento do ano passado paralisou o País por 11 dias, gerando uma crise de abastecimento, sobretudo de combustíveis, nas principais cidades, impactando diretamente a economia brasileira.
O receio do governo em relação a uma nova greve ficou mais claro há menos de duas semanas, quando Bolsonaro ligou para o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, gerando a suspensão de um reajuste de 5,7% no preço do óleo diesel. A companhia recuou e segurou a alta no combustível, medida que gerou reação no mercado e derrubou as ações da estatal.
Após a repercussão negativa, o ministro da Economia, Paulo Guedes, garantiu que a Petrobras é livre para definir sua política de preços, mas reforçou a necessidade de transparência da empresa em relação ao processo que define os valores dos combustíveis. Desde então, a estatal acabou anunciado um reajuste de R$ 0,10 no litro do diesel. O valor do combustível é uma das principais reclamações dos motoristas.
Apesar da alta no diesel, o governo anunciou outras medidas para atender aos caminhoneiros . O Palácio do Planalto garantiu R$ 2 bilhões para investimentos em rodovias federais, um crédito total de R$ 500 milhões via BNDES para caminhoneiros autônomos, e a construção de pontos de repouso em rodovias, além do reajuste da tabela do frete .