A taxa de desemprego no Brasil subiu para 12,4% no trimestre encerrado em fevereiro, atingindo 13,1 milhões de pessoas, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
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Segundo o instituto, o aumento indica que 892 mil pessoas passaram a fazer parte da população desocupada. Com isso, o resultado total do desemprego no Brasil alcançou 13,1 milhões de trabalhadores. A alta trimestral considerando o período móvel encerrado em fevereiro, a taxa subiu 7,3% no País.
No trimestre encerrado em janeiro, a taxa divulgada pelo IBGE foi de 12%, na primeira alta em dez meses. Ao todo, a desocupação atingia 12,7 milhões de brasileiros no mês inaugural do governo de Jair Bolsonaro (PSL), número que representa o maior valor desde agosto de 2018. Em fevereiro, a taxa subiu ainda mais.
O gerente da pesquisa, Cimar Azeredo, diz que, apesar da alta, o índice do desemprego já foi maior nos últimos anos. “A desocupação voltou a subir, mas não é a maior da série. Neste mesmo trimestre (dezembro a fevereiro), a maior foi de 13,2%, em 2017. Esperava-se que ela fosse subir, é um aumento que costuma acontecer no começo do ano”, explicou.
Entre dezembro, janeiro e fevereiro, o último trimestre móvel pesquisado, no entanto, não só o desemprego cresceu – 12,4% e 13,1 mlhões de pessoas –, mas também: a população fora da força de trabalho atingiu recorde – 65,7 milhões, assim como a subutilização – 24,6% e 27,9 milhões de pessoas e o número de desalentados – 4,9 milhões; 33 milhões trabalharam com carteira assinada, 11,1 milhões sem CLT e 23,8 milhões por conta própria. A população ocupada foi de 92,1 milhões, queda de 1,1% – 1,062 milhão – em relação ao trimestre anterior.
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Subutilização, desalento, CLT e setores com mais vagas fechadas
O IBGE destaca o recorde histórico da taxa de subutilização , que reúne, além dos desempregados, pessoas empregadas que gostariam de trabalhar mais horas e trabalhadores que estão desocupados, mas não conseguem procurar emprego por motivos diversos (como questões familiares de saúde, por exemplo). O número subiu e passou a atingir 27,9 milhões, sendo o maior desde o início da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. A subutilização da força de trabalho no Brasil em fevereiro teve taxa de 24,6%. Em três meses, houve uma alta de 901 mil pessoas subutilizadas.
O desalento , que representa os trabalhadores desempregados que desistiram de procurar emprego, também subiu. O número de desalentados chegou a 4,9 milhões, outro recorde negativo na história da pesquisa (repetindo o valor apontado de setembro a novembro do ano passado). “Dado que o desemprego chegou neste nível tão alto, isso alimenta o desalento também. Essas pessoas não se veem em condições de procurar trabalho”, disse Cimar.
O número de trabalhadores por conta própria permaneceu estável na comparação com os três meses anteriores, em 23,8 milhões, mas subiu 2,8% – 644 mil pessoas – frente ao mesmo período do ano passado.
Já o número de empregados sem carteira assinada ( CLT ) caiu 4,8% – menos 561 mil – na relação trimestral, para 11,1 milhões no trimestre de dezembro a fevereiro. Comparado a 2018, a alta foi de 3,4% – 367 mil pessoas. O número total de empregados no setor privado com carteira assinada (exceto trabalhadores domésticos) foi de 33 milhões de pessoas, estável trimestral e anualmente.
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Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais foi o setor que mais contribui para o desemprego entre dezembro e fevereiro, com um corte de 574 mil pessoas. Indústria (-198 mil) e construção (-155 mil) também reduziram o número de trabalhadores no período. De acordo com os dados do IBGE, o setor de transporte, armazenagem e correio foi o único a aumentar o número de ocupados, com 133 mil pessoas empregadas a mais.