O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) criticou, nesta terça-feira (26), a política de reajuste do salário mínimo acima da inflação. Reunido com empresários em São Paulo, ele classificou o modo de reajuste como uma "vaca sagrada" que precisa ser modificada.
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"Um dos nossos principais economistas diz que temos que lidar com aquilo que ele chama das vacas sagradas. Elas vêm desde lá de trás e até hoje são responsáveis por muitos dos nossos problemas", disse Mourão, associando o reajuste do salário mínimo à turbulências econômicas do Brasil.
De acordo com ele, "o salário mínimo não é mínimo", uma vez que "governos anteriores aumentaram além da inflação e produziram uma contradição, na qual as classes mais favorecidas recebem mais do que as menos favorecidas."
O vice-presidente afirmou, ainda, que é preciso mostrar para a população brasileira que não existem apenas direitos, mas obrigações e que, com isso, o governo precisará decisões impopulares. "É hora de rever o contrato social estabelecido pela Constituição de 1988. Nosso governo vai ter que enfrentar as medidas impopulares. Na instituição que servi durante 46 anos, a gente sempre dizia que o comandante não tem que ser aplaudido no pátio, o comandante tem que tomar decisões", disse.
"Vai levar pedrada? Vai levar pedrada, faz parte da vida política. E todos sabem que minha experiência política é baixíssima, mas o bom senso tem que sobreviver nessas horas", completou Mourão .
Política do salário mínimo será revista neste ano
Atualmente, a política de reajuste do salário mínimo
em vigor considera a variação do Produto Interno Bruto (PIB) dos dois anos imediatamente anteriores somado ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação do País, também do ano anterior.
Esse modelo, que foi criado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está funcionando desde 2006 e deixou o salário mínimo em R$ 998 em 2019 . Essa forma de reajuste, no entanto, será revisada nas próximas semanas, quando o presidente Jair Bolsonaro enviar a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2020 ao Congresso Nacional, podendo mudar a regra para o benefício .
Mourão também critica BPC
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Além das críticas ao salário mínimo
, o vice-presidente também defendeu mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC). Para ele, é preciso elevar a idade para recebê-lo: "Se olhar que a pessoa, para se aposentar por idade, tem que chegar pelo atual sistema aos 65 anos, tendo pago no mínimo 15 anos de contribuição para receber só um salário mínimo, por que vai [querer] contribuir, se pode receber a mesma coisa sem contribuir? Não há mais como sustentar isso. É uma briga difícil? Dificílima, mas nós temos que enfrentar isso", afirmou.