O mercado financeiro reagiu mal às últimas movimentações da política brasileira. Um dia depois da aprovação da PEC do Orçamento e de novos atritos no âmbito da reforma da Previdência, o dólar opera em alta enquanto a Bolsa de Valores de São Paulo registra forte queda.
Às 11h50 desta quarta-feira (27), o dólar
registrava alta de 2,31%, sendo vendido a R$ 3,9536. Enquanto isso, a Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo) estava operando em queda de 2,67%, a 92.850 pontos.
Na véspera, a moeda americana fechou o dia com alta de 0,28%, cotada R$ 3,8669. Já a Bolsa encerrou a terça-feira (26) em alta de 1,76%, aos 95.306 pontos. No mês de março, o dólar acumula alta de 3,03%, enquanto a da bolsa é de 0,29%.
As fortes reações, tanto da Bolsa de Valores quanto do dólar, são uma resposta do mercado financeiro aos acontecimentos mais recentes da política brasileira, que foram vistos com pessimismo. Entenda as motivações:
PEC do Orçamento
Na noite desta terça-feira (26), a Câmara dos Deputados aprovou, em dois turnos, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Orçamento Impositivo. Com isso, o governo federal passa a ser obrigado a a liberar a verba de emendas parlamentares para ações previstas para a execução das emendas coletivas de bancada.
Ou seja, na prática, a medida reduz o controle do Executivo sobre o Orçamento, engessando seus gastos e obrigando o governo a executar todos os investimentos previstos.
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Em primeiro turno, a chamada PEC do Orçamento foi aprovada por 448 a 3 votos. No segundo turno, a aprovação teve um placar de 453 a 6. Agora, a proposta segue para o Senado Federal.
Desavenças na Previdência também influenciaram alta do dólar e baixa da Bolsa
As notícias sobre a tramitação da reforma da Previdência também impactaram na análise do mercado. Ontem (26), o ministro da Economia, Paulo Guedes, desistiu de participar de uma audiência pública na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) que discutiria os caminhos da proposta.
O cancelamento do ministro teria sido uma resposta a um possível boicote da reunião promovido por partidos opostiores. A CCJ é o primeiro orgão que deverá analisar a nova Previdência.
No lugar de Guedes, a equipe da Secretaria de Previdência e Trabalho foi enviada. Apesar disso, a CCJ resolveu cancelar a audiência e votar pela convocação obrigatória do ministro em uma próxima reunião, que deve acontecer até o dia 17 de abril .