O Partido dos Trabalhadores (PT) pretende usar a proposta de reforma da Previdência estudada pelo candidato derrotado no segundo turno da última eleição presidencial, Fernando Haddad, como forma de se opor ao texto apresentado pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) e tentar negociar no Congresso mudanças na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019.
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Maior bancada da Câmara dos Deputados, com 54 parlamentares na Casa, o PT busca usar essa força como forma de alterar pontos entendidos como problemáticos na proposta de reforma da Previdência apresentada pela equipe econômica de Bolsonaro, chefiada pelo ministro Paulo Guedes, usando para isso o texto apresentado por Haddad durante o período de disputa à Presidência da República.
Segundo a Folha de S.Paulo , a base petista deve defender primeiramente mudanças nos regimes próprios, focando-se nos servidores públicos. O discurso do governo Bolsonaro é pautado pelo corte de privilégios no setor, defendendo a equiparação de regras entre servidores e trabalhadores do setor privado.
O PT deverá reunir seus dirigentes, governadores e parlamentares no próximo dia 14, em Brasília, para um seminário focado em entender as mudanças nas regras de aposentadoria propostas pelo governo , detalhes do texto de Haddad e como negociar a construção de uma base oposicionista ao texto original do governo. O entendimento é que simplesmente se opor ao texto proposto não é suficiente, e que pode ser mais efetivo apresentar novas resoluções, usando para isso a reforma pensada pelo candidato do partido à presidência.
Após a apresentação da PEC, lideranças sindicais, movimentos sociais, a militância petista e oposicionistas ao governo de modo geral já convocaram atos contrários à reforma da Previdência, e o PT usa suas redes sociais e site oficial para compilar pontos do texto e mostrar como os brasileiros podem ser afetados e, segundo o partido, "perderão direitos". Ainda no período eleitoral, Haddad chamou de "nefasta" a reforma apresentada pelo governo do ex-presidente Michel Temer (MDB).
O governo articula seu apoio no Congresso para aprovar a reforma, mas já entende que o texto original precisará sofrer alterações para ser aprovado. Bolsonaro, inclusive, já afirmou que a idade mínima para aposentadoria das mulheres pode cair de 62 para 60 anos , e que as mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC) podem ser mudadas. Paulo Guedes lembra, no entanto, que é importanta manter a base para que a nova Previdência não "perca sua essência".