Carpideiras são promissoras no Congo, devido à crença tradicional do país
Reprodução/Congo Funeral Home
Carpideiras são promissoras no Congo, devido à crença tradicional do país

Um congolês resolveu acabar com os problemas dos velórios silenciosos em seu país e abriu uma empresa para oferecer o serviço de carpideira – mulheres que são pagas para chorarem em enterros – na República Democrática do Congo. Gilbert Kubali teve a ideia depois de perceber que na capital do país o negócio já é bem estabelecido e lucrativo.

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Segundo o periódico inglês, The Economist  Kubali enxergou uma oportunidade de monopolizar o negócio na cidade de Goma, leste do Congo , com 1 milhão de habitantes. O empreendedor espera conseguir cada vez mais clientes apostando nas habilidades de interpretação de suas contratadas e nas propagandas feitas por Kubali na cidade.

Por mais peculiar que pareça, a prática é promissora no país. A crença tradicional é de que o morto continua vivo por algum tempo após o seu coração parar de bater e que consegue “assistir” ao seu velório como se fosse a um filme. “Se você não chora, o morto ficará furioso”, explicou a carpideira Deborah Nzigire, de 65 anos, ao jornal. A população local acredita que os ancestrais furiosos podem voltar e perturbar a vida dos seus descendentes.

Além disso, os congoleses consideram vergonhoso e imprudente que um membro da família não chore no velório, atitude que pode ser interpretada como um sinal de que a pessoa pode ser responsável pela morte por meio de bruxaria. As carpideiras teriam, assim, a função de provocar as lágrimas dos familiares da pessoa morta.

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Porém, engana-se quem pensa que é um serviço barato. O ‘aluguel’ de uma mulher por uma semana de luto custa em torno de US$ 1.500 (cerca de R$ 5.600), já que contabiliza, além os custos do empresário, o reembolso das carpideiras pelos seus gastos com alimentação, bebida e transporte.

De acordo com Deborah, o alto valor cobrado é necessário já que os problemas de pobreza são os que mais assombram a população congolesa e esse é o meio que as carpideiras encontraram para garantir alguma renda. “A todo o momento surge algum problema. Nossa mente vive ocupada e estamos o tempo todo nos perguntando onde conseguir algum dinheiro. Isto entristece e você chora. Estamos sempre prontas para chorar”, disse Deborah ao The Economist .

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A entrevista de emprego feita por Kubali é baseada em uma encenação feita pelas mulheres e, caso sejam convincentes, são recrutadas. O empresário ainda afirmou que, para aprimorar o trabalho das carpideiras, pretende enviar um profissional da capital do Congo , Kinshasa, para treinar suas dez funcionárias.

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