O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que instituições do "Sistema S" podem ter suas verbas reduzidas em até 50%. A declaração foi feita nesta segunda-feira (17), durante o evento Encerramento das Atividades 2018 e Perspectivas 2019, que contou com a presença de empresários e políticos na sede da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), no Rio de Janeiro.
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De acordo com Guedes, para ajustar as contas do governo, o corte de gastos deve atingir os impostos, com fim de isenções e subsídios, e verbas, incluindo as do " Sistema S ", que deve sofrer redução de 30% a 50%. "Como é que você pode cortar isso, cortar aquilo e não cortar o 'Sistema S'? Tem que meter a faca no Sistema S também", afirmou o economista.
O "Sistema S" engloba instituições que promovem capacitação de mão de obra, cultura e lazer para o trabalhador. É o caso de organizções como Sesi, Senai, Sesc , Senac e Sebrae.
Para Paulo Guedes , todos devem contribuir com o reajuste nas contas públicas. “É a contribuição, como vamos pedir o sacrifício do outro sem dar o nosso?”, disse. Ao ouvir reações negativas, ele completou: "Vocês estão achando que a CUT perde o sindicato mas aqui fica tudo igual? O almoço é bom desse jeito, ninguém contribui?".
De acordo com o futuro ministro, o tamanho do corte deve depender da situação de cada empresa. "Eu acho que a gente tem que cortar pouco para não doer muito. Se tivermos interlocutores inteligentes, preparados, que quiserem contribuir como o Eduardo Eugênio (presidente da Firjan), a gente corta 30%. Se não tiver, é 50%", declarou.
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Segundo ele, é necessário fazer uma reforma do Estado e garantir um novo eixo de governabilidade, com a retomada do pacto federativo, e “corrigir a hipertrofia do governo federal”. “Nós queremos recompor o federalismo, descentralizar recursos para os estados e municípios. Levem os recursos, levem as atribuições”, afirmou.
Firjan, que também pertence ao Sistema S, se pronunciou sobre a fala de Guedes
Em nota a respeito da declaração do futuro ministro da Economia sobre os cortes de recursos no Sistema S, do qual faz parte, a Firjan
afirmou que os comentários de Guedes precisam ser encarados como “parte deste desafio, em especial de uma discussão mais ampla sobre o papel das entidades de representação empresarial num cenário de necessidade de redução de custos e resgate da competitividade do país”.
A entidade destacou que este é o momento de uma discussão “franca e transparente com o governo” e que está clara a disposição do futuro ministro em dialogar e que será importante que o Governo esteja aberto a “ouvi-las [as entidades] para compreender, em toda a sua dimensão, o papel social inestimável das instituições que integram o Sistema S em todo o Brasil”.
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O presidente da Firjan, Eduardo Eugênio, também comentou a fala de Guedes. Para ele, a revisão dos gastos é justa, já que não só os gastos, como também os bons serviços serão levados em considerção. "Acho que todas as organizações e instituições no Brasil, privadas ou públicas, merecem uma revisita para melhorar seus custos. O ministro que diz que quer cortar os orçamentos do ' Sistema S
’ também diz que não quer prejudicar as coisas que dão certo, as escolas que estão funcionando e entregando mudança de vida para as pessoas”, disse.
*Com informações da Agência Brasil