A taxa de informalidade entre as 9,4 milhões de pessoas que começaram a trabalhar no segundo trimestre deste ano chegou a 74,2%. O índice é muito maior do que os 39% de trabalhadores informais presentes no total de empregados no País (91,2 milhões). Os dados foram divulgados nesta terça-feira (13) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
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Na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2018, o saldo de novos trabalhadores na formalidade ou na informalidade foi de 600 mil, passando de 90,6 para 91,2 milhões. A rotatividade, porém, continua alta: 8,8 milhões ficaram desempregados ou saíram da força de trabalho, em contraposição aos 9,4 milhões de inativos ou desocupados que conseguiram trabalho.
A conclusão do Dieese é que a maioria dessas pessoas que entraram ou voltaram ao mercado no segundo trimestre conseguiu trabalhos precários: maior informalidade, menor cobertura previdenciária, ocupações típicas de uma economia com baixo dinamismo (especialmente para as mulheres) e rendimentos inferiores à metade do mercado de trabalho em geral.
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“Mais do que o estreitamento das oportunidades para os novos trabalhadores, o movimento descreve a falta de fôlego da economia brasileira para proporcionar, no curto prazo, alternativas mais estruturadas de trabalho, devido à fraca recuperação e a ausências de perspectivas melhores para o próximo período”, divulgou o instituto de pesquisa.
Informalidade no setor privado
Dos novos ocupados no setor privado, 22,6% (2,1 milhões) foram contratados sem carteira assinada e outros 16,8% (1,5 milhão) com registro em carteira. A maior parte desses novos empregados, 34,6% (3,3 milhões), foi trabalhar por conta própria, a maioria (86,2%) sem formalização. Destes, só 14% contribuíram para a Previdência.
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Uma em cada cinco mulheres (20%) foi contratada como empregada doméstica, a maior parte sem carteira assinada (887 mil). Cerca de 30% das mulheres que entraram no mercado de trabalho foram trabalhar por conta própria. Entre os maiores índices registrados pelos homens, estão os 39,2% que foram trabalhar por conta própria (1,8 milhão) e os 30% sem carteira assinada (1,3 milhão).
Dos novos ocupados nas categorias de trabalho por conta própria, 71% concentraram-se em 20 ocupações, a maior parte ligada a atividades manuais ou de prestação de serviços e vendas. O Dieese destaca os vendedores a domicílio (281 mil), agricultores (276 mil) e pedreiros (275 mil).
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Também aumentou a participação em ocupações que, segundo o instituto de pesquisa, geralmente crescem em períodos de baixo dinamismo econômico, como condutores de automóveis (88 mil) e vendedores ambulantes, sendo 77 mil do setor de alimentação e 59 mil dos demais.
Salário dos recém-empregados
Segundo o Dieese, o rendimento médio desses trabalhadores que acabaram de conseguir uma vaga equivale a menos da metade do que é pago no mercado de trabalho. Enquanto os ingressantes recebiam cerca de R$ 1.023, o mercado oferecia em média R$ 2.128 para o total de ocupados.
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Os jovens, tradicionalmente, têm salário menor do que o recebido por aqueles com mais idade. Em algumas situações, chegam a ganhar apenas 65% do rendimento dos trabalhadores de 60 anos ou mais (R$ 857 ante R$ 1.318). Mais da metade (53%) dos novos ocupados tinha jornadas inferiores a 40 horas semanais e, destes, 35% disseram que gostariam de trabalhar mais horas.
*Com informações da Agência Brasil