O número de trabalhadores associados a sindicatos está em queda constante desde 2012, e em 2017 atingiu o menor índice dos últimos seis anos. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad-C), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada nesta quinta-feira (8).
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De acordo com o levantamento, entre os 91.449 mil trabalhadores empregados no ano passado, 14,4% (ou seja, pouco mais de 13 mil pessoas) estavam em sindicatos
, a menor quantidade desde que a pesquisa começou a ser feita, em 2012.
No começo da série histórica, os sindicatos possuíam cerca de 14,5 milhões de membros (16,2% dos empregados). Em comparação com o número de pessoas filiadas em 2017, a queda dentro deste período (2012-2017) foi de 1,4 milhão de trabalhadores a menos, registrando agora apenas 13,1 milhões (14,4%).
Na relação do ano de 2016 com 2017, a baixa foi de 0,5 ponto percentual, passando de 14,9% para 14,4%, respectivamente.
Segundo o IBGE, apesar de 2017 ter sido o ano com o menor número de trabalhadores sindicalizados , a maior perda de associados de um ano para outro aconteceu em 2016, quando o índice registrou 14,9% contra os 15,8% obtidos em 2015.
Para Adriana Beringuy, economista da Coordenação de Trabalho e Rendimento, a queda na sindicalização é uma tendência observada nos últimos anos que reflete o aumento da informalidade no mercado de trabalho . “A queda está relacionada, primeiro, à redução da própria ocupação no país. Essa queda se deu sobretudo entre os trabalhadores com carteira de trabalho assinada, principalmente na indústria e serviços de formação. Isso impactou diretamente a sindicalização, porque dentre esses trabalhadores formalizados é que está uma das maiores taxas de sindicalização”, afirmou.
Quem são os trabalhadores associados a sindicatos
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De acordo com a Pnad-C, o número de trabalhadores do setor privado que possuem carteira assinada caiu em 1,12 milhão, alcançando apenas 36,3% das 91,4 milhões de pessoas empregadas no Brasil em 2017. Enquanto isso, 600 mil novas pessoas incorporaram o contingente de trabalhadores por contra própria ou empregados sem carteira assinada, que são 25,3% e 12,2%, respectivamente, do total de ocupados do País.
Entre os funcionários do setor privado com carteira assinada, 19,2% são associados a sindicatos, índice que cai para 8,6% entre a população que trabalha por conta própria. Para os empregados do setor privado que não ter carteira assinada, a taxa de sindicalizados é de 5,1%.
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A maior taxa de sindicalização fica entre os trabalhadores do setor público, que é de 27,3%. Segundo a economista, esse setor tem, historicamente, uma mobilização sindical maior. “Nesse grupamento, boa parte dele vem da saúde e da educação, onde você tem sindicatos numerosos. A presença de categorias que tem mobilização maior em termos de filiação contribui muito para que essa faixa cresça, principalmente nos espaços de educação e saúde”, explicou.
Enquanto o setor público apresenta o maior número de sindicatos, a menor taxa está entre os trabalhadores de serviços domésticos, com 3,1%.
Trabalhadores com nível superior de ensino somam 31,3% dos sindicalizados.
De 2012 a 2017, 1,7 milhão de pessoas conseguiram empregos no Brasil
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Além dos dados de trabalhadores associados a sindicatos
, o levantamento do IBGE divulgou, ainda, informações relativas ao número de pessoas ocupadas no Brasil. Em 2017, foram 91,4 milhões de empregados contra 89,7 milhões em 2012, um aumento de 1,7 milhão de pessoas em postos de trabalho. O estudo indica que o pico de pessoas ocupadas ocorreu em 2015, quando eram 92,6 milhões, mas caiu 1,5% em 2016. Na passagem de 2016 para 2017, o número apresentou uma “recuperação discreta” de 0,3%.