Chega a 29% o percentual dos trabalhadores que têm medo de demissão, ou mais especificamente, receio alto ou médio de perder o emprego. Outros 36% avaliam como ‘baixa’ a probabilidade de serem demitidos e 35% acham que não há esse risco. Os números constam da pesquisa que apura o Indicador de Confiança do Consumidor, divulgada nesta terça-feira (6) pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
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Tecnicamente, a recessão ficou para trás e a economia mostra sinais de recuperação. Na prática, no entanto, os índices mostram que as finanças pessoais andam mal (para 45%), os brasileiros estão reticentes quanto ao futuro da economia do Brasil (42%) e 29% citam o medo de demissão.
O Indicador de Confiança do Consumidor se manteve estável em outubro, com 42,3 pontos. No mesmo período de 2017, foram observados 42,1 pontos. Na comparação com setembro deste ano, também há estabilidade: 41,9 pontos no nono mês do ano e oscilação positiva de 0,4 pontos percentuais no mês seguinte. A escala do indicador varia de zero a 100, sendo que resultados acima de 50 pontos, mostram uma percepção mais otimista do consumidor.
Embora seja grande, o percentual de 29% de trabalhadores com medo de perderem seus empregos é menor que o observado nos últimos três meses, quando registrou 30% de risco alto ou médio em julho, 36% em agosto e 33% em setembro.
De modo geral, 45% dos entrevistados declararam ter ao menos uma pessoa desempregada em sua residência, sendo que em 17% dos casos há duas ou mais pessoas nessa situação. A percepção do futuro dos brasileiros é controversa, uma vez que 38% acreditam que, nos próximos seis meses, as oportunidades de emprego se manterão estáveis, enquanto 33% confiam que haverá mais ofertas de vagas e outros 14% estão mais pessimistas nesse sentido.
Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o emprego é um dos fatores que mais impactam a confiança do consumidor. “É a perspectiva de estar empregado e de que sua renda vai crescer ou se manter no mesmo nível que estimula o consumidor a comprar com segurança, inclusive nas aquisições de alto valor, que geralmente são feitas a crédito. Enquanto o mercado de trabalho não mostrar sinais mais vigorosos de recuperação, a confiança do consumidor seguirá retraída”, analisa a economista.
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Para os próximos seis meses, 42% dos brasileiros não afirmam que as condições econômicas do país estarão melhores ou piores daqui seis meses, período que já engloba o início do mandato de Jair Bolsonaro, presidente eleito. Os otimistas são 21% e os pressimistas, 32%.
O receio de que a inflação saia do controle (43%) e o desemprego (41%) são os fatores que mais pesam entre os pessimistas, enquanto a maior parte dos otimistas (43%) não sabem explicar as razões desse sentimento e 33% apostam em um cenário político mais favorável.
Quando questionados sobre a sua própria situação econômica, seis em cada dez (58%) acham que sua vida financeira vai melhorar pelos próximos seis meses, contra apenas 12% que acreditam em piora. Há ainda 27% de entrevistados neutros quanto a isso.
“Por mais que a situação econômica do país impacte a vida financeira do consumidor, ele sabe que assumir um controle mais efetivo sobre seu bolso e fazer adaptações podem ajudar a enfrentar um ambiente adverso. Os dados podem parecer contraditórios, mas sinalizam um viés de otimismo, que é uma característica sempre observadas em estudos que avaliam o comportamento humano”, explica a economista Marcela Kawauti.
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Para avaliar o momento atual da economia, a própria vida financeira, a percepção sobre o futuro da economia e a percepção sobre o futuro da própria vida financeira, foram ouvidos 800 entrevistados, dos quais 29% afirmaram ainda ter medo de demissão .
*Com informações da CNDL/SPC Brasil