Estudo realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) nas 27 capitais brasileiras buscou mostrar a relação entre o atraso nas contas e suas consequências na realidade dos inadimplentes atrasados em mais de 90 dias.
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O atraso nas contas , segundo obtido pela pesquisa, além de aprofundar os problemas financeiros, também é motivo de ansiedade para 6 em cada 10 (58%) inadimplentes que se enquadram no perfil buscado (com contas em atraso há mais de 3 meses). Eles afirmaram que passaram a se sentir mais ansiosos depois de ficarem devendo.
Mais da metade também revelou insegurança em não conseguir pagar a dívida (59%) e o estresse decorrente do endividamento (52%). Mais de 4 em cada 10 responderam que passaram a sentir angustiados (47%), com sentimento de culpa (46%), e desanimados após as pendências (41%).
O endividamento, no Brasil e no Mundo, traz uma série de problemas emocionais e comportamentais às pessoas. Casos de suicídio em função da incapacidade de honrar compromissos não são raros e vêm de longa data. A quebra da bolsa americana durante a Grande Depressão, em 1929, registrou ao menos 11 suicídios no dia 24 de outubro em todo o País. Passados 89 anos, as crises do mercado seguem afetando o emocional.
A pesquisa mostra também que, no Brasil, 41% tem a autoestima afetada e quase um terço (31%) sente vergonha diante de familiares e amigos por ter dívidas e, na sociedade de modo geral, é construída uma imagem negativa e distante do endividamento, algo tão comum na realidade do brasileiro. A evidência disso é que 12% citam o medo de não conseguir um emprego por estarem devendo e 5% temem ser vistos como desonestos pelas outras pessoas. De modo geral, 56% demonstram alto grau de preocupação com as dívidas em atraso.
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Especialistas falam sobre consequências do atraso nas contas
"O estado emocional do devedor interfere de forma direta na maneira com que ele lida com suas finanças. Sentimentos negativos dificultam o processo de organização das contas e é preciso que ele encontre formas de não se deixar abater pelas preocupações. Para lidar com as finanças, é preciso racionalidade e ponderação a fim de encontrar as melhores estratégias para sair da inadimplência", orienta a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
O desenvolvimento de vícios é recorrente no meio dos inadimplentes, uma vez que, de acordo com os resultados, 22% dos endividados em atraso passaram a descontar a ansiedade em algum vício, como cigarro, comida ou álcool. Outro fator que decorre do endividamento é o aumento nos gastos. A ansiedade faz com que as pessoas gastem mais, em muitos casos.
Mesmo inadimplentes, 26% dos entrevistados confirmam não terem ajustado o orçamento e 22% não abriram mão de compras habituais. "Essa reação intempestiva dos inadimplentes mostra como o estado emocional das pessoas pode piorar ainda mais a situação financeira. Ao descontar o momento de infelicidade com vícios e compras, o consumidor está desajustando ainda mais suas finanças”, afirma o educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, José Vignoli.
Toda a vida social do inadimplente é afetada pela sua incapacidade de pagar suas dívidas em dia. Mal humor e fácil irritação foram citados por 40% dos entrevistados e menor disposição para sair com outras pessoas, por 32%. As respostas dos organismos são diversas e a ansiedade pode trazer diferentes respostas.
Enquanto 33% sentem insonia e 26% mais vontade de comer, outros 16% perdem o apetite e 24% relatam vontade de dormir fora do normal. De uma forma ou de outra, a normalidade da rotina é afetada.
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A produtividade no trabalho e a qualidade das relações pessoais também podem ser afetadas por conta do atraso nas contas
. O nervosismo é mais frequente para 16%, culminando em agressos verbais e até mesmo físicas. A pesquisa ouviu 609 consumidores com contas em atraso há mais de 90 dias. A amostra é representativa e contempla ambos os gêneros, pessoas acima de 18 anos e de todas as classes sociais. A margem de erro é de 3,97 pontos percentuais e a margem de confiança de 95%. As informações são do SPC Brasil.