Os números comprovam que as franquias de investimento mais baixo são as queridinhas dos empreendedores brasileiros. De acordo com dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), metade dos visitantes da ABF Franchising Expo – maior feira de franquias da América Latina, que acontece em São Paulo nesta semana – procuram negócios de até R$ 50 mil.
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Entre as opções mais baratas, surgiu com força nos últimos anos a dissidência das nanofranquias. Identificados como franquias que exigem investimento de até R$ 20 mil, estes modelos podem ser encontrados em grande parte dos estandes da 26ª edição da feira da ABF , normalmente com empresas que oferecem também pacotes mais caros, mas que perceberam a necessidade de atender a um público com menor poder aquisitivo e criaram produtos de gasto reduzido. É o caso, por exemplo, da English Talk, rede de escolas de idiomas para adultos.
A marca, pertencente ao grupo Move Edu, percebeu uma demanda de professores particulares que gostariam de franquear com a empresa mas não poderiam bancar os gastos do modelo tradicional. Para viabilizar a entrada destes profissionais na rede, foi lançado o English Talk Private, que permite ao professor pagar R$ 5 mil para ter o licenciamento e todo o suporte da rede em suas aulas.
Segundo Rogério Gabriel, fundador da Move Edu, o modelo de nanofranquia da English Talk é capaz de curar todas as "dores" do professor particular. O executivo aponta a gestão do negócio como uma das principais dificuldades solucionadas pela empresa, pois acredita que muitos professores se compliquem ao fazer cobranças e viabilizar formas de pagamento, por exemplo. "A gente facilita isso para ele porque é tudo feito através de um backoffice da franqueadora", explica o empresário.
Além disso, Gabriel também cita o material disponível para professor, que tira a necessidade de preparação de aula, tendo em vista que o planejamento é todo feito pela English Talk. "Ele tem dificuldade de manter, de preparar as aulas para esse aluno, porque ele leva muito tempo. Assim, ele vai estar entregando para esse aluno um método, uma aula em plataforma de altíssima qualidade. Ele tem toda a programação de aula embarcada para ele", diz.
O executivo ainda fala sobre a divulgação, que torna-se mais simples e eficaz com o auxílio da rede. "A parte de divulgação da marca, marketing digital, também é uma parte que a franqueadora faz e entrega pra ele. Então, com tudo isso, ele consegue ter um cenário de entrega muito superior ao que ele tem no dia a dia dele", conta Gabriel.
Para o empresário, as nanofranquias "têm seu espaço" no mercado, assim como todos os demais modelos de investimento mais elevado: "Isso num modelo de franchising é um negocio que vem acontecendo. Ele tem o espaço pra esse tipo de investidor e por isso a gente criou esse modelo. Então tem o modelo para esse nanoinvestimento, tem o modelo de microfranquia e tem o modelo tradicional de franquia. Cada um com seu público específico".
Gabriel é um dos que concordam que o atual cenário econômico brasileiro tem aumentado a demanda por franquias de investimento reduzido. De acordo com o executivo, a onda de desemprego levou as pessoas a procurarem formas de empreender. "O franchising, como uma opção de empreendedorismo toda estruturada, com marca, com modelo de negócios provado e testado para isso, sem dúvidas é uma ótima porta de entrada para esse empreendedor. E isso sem dúvidas aquece esse tipo de modelo de negócios", completa.
Na Gigatron, rede de franquias de serviços em tecnologia, o negócio é ainda mais surpreendente. Com apenas R$ 300, você já pode se tornar um franqueado da empresa. De acordo com Marcelo Salomão, diretor da marca, este modelo é um "credenciamento para um ponto de atendimento", em que o a pessoa entra na rede para operar a emissão de certificados digitais.
De acordo com Salomão, o modelo surgiu a partir da franquia princiapl de certificado digital, que tem investimento total por volta de R$ 8 mil. "A gente observou uma demanda muito grande de pessoas que queriam ingressar para ter uma segunda fonte de renda, só que eles não tinham o total de investimento. Então a gente construiu um modelo alternativo, onde ele conseguisse entrar dentro da rede sem fazer um investimento alto", explica o diretor.
Em relação à estrutura oferecida ao franqueado, Salomão explica que não há qualquer diferença para quem escolhe o modelo de R$ 300 ou os de investimento maior. "Ele recebe acesso a todos os materiais que nós temos. Ele recebe treinamento, tem suporte, tem atendimento. Ele recebe todos os benefícios. A única coisa que ele não tem em relação ao modelo que é um pouco mais caro é uma margem melhor", diz. Na franquia mais barata, a margem bruta de lucro gira em torno de 8%.
A crise também foi primordial para que a Gigatron conseguisse expandir seus negócios. Segundo Salomão, a empresa vem em uma ascensão muito forte devido à situação do País. "Em 2015 nós crescemos 178% e ano passado crescemos 170%. Então a gente vem num ritmo acelerado justamente por causa do cenário econômico. Acredito que a gente vai conseguir manter esses números durante o ano de 2017", finaliza.
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Com investimentos iniciais mais elevados que a Gigatron, mas ainda baixos para o mercado, a Acquio se posiciona como uma das franquias mais baratas da feira da ABF. A rede de pagamentos eletrônicos conta com uma modalidade home-office que exige pagamento de R$ 6.490.
Kawel Lotti, CEO da empresa, garante que o treinamento entregue ao franqueado é suficiente para que ele tenha capacidade de operar o negócio e vender as maquininhas de cartão da empresa. "A primeira coisa que ele recebe é todo um enxoval. Material de comunicação, cartão de visita, folder. O ponto principal é o treinamento inicial, onde a gente passa para ele todas as informações, tanto no sentido de mercado de adquirência, que é o mercado de maquininha de cartão, quanto o cenário competitivo com os concorrentes e o know how para empreender e abrir um novo negócio", informa Lotti.
As vantagens do negócio, de acordo com o CEO, são muitas. Além de considerar que as máquinas são um "produto de crise", extremamente atrante ao mercado, o executivo aposta na possibilidade de permitir que os PMEs ofereçam compras parceladas em até 12 vezes, assim o colocando "nas mesmas condições de parcelamento de um grande varejista".
Fora isso, Lotti também cita o trabalho home-office como um dos maiores benefícios para o franqueado. "Você não tem que contratar funcionário, não tem custo fixo com montagem de escritório, locação. Enfim, todo o custo fixo de uma atividade normal", explica. Segundo o CEO, os franqueados deste modelo estão faturando, em média, R$ 3.800 mensais.
Novamente, a crise foi citada como um ponto positivo para os negócios da empresa. Lotti acredita que o grande número de pessoas capacitadas sendo lançadas ao mercado influencia a busca por opções de empreendedorismo a preços mais reduzidos. "É uma oportunidade que a gente tem, com baixo investimento , de dar oportunidade para as pessoas, gerando o emprego para o sustento da sua família, do seu negócio", diz o CEO.
Outra empresa que oferece um modelo de investimento que se encaixa na exigência das nanofranquias é Jan-Pro. Presente na feira de franquias da ABF com uma série de opções disponíveis a quem deseja trabalhar com a marca, a companhia preza pela garantia de retorno ao franqueado.
"Para a pessoa que vai comprar uma franquia de até R$ 20 mil, a gente garante para um faturamento de até R$ 5 mil. Garantir significa que, se ele não faturar, eu devolvo o dinheiro para ele. Então é uma garantia verdadeira, em contrato", assegura o presidente da empresa no Brasil, Renato Ticoulat.
Apesar de garantir que o franqueado terá rentabilidade, Ticolaut deixa claro o dinheiro não vem fácil e que será necessário trabalhar muito para fazer o negócio virar. "Estamos falando de uma pessoa que põe a mão na massa. Ele trabalha como faxineiro", diz. "Se ele puser a mão na massa, desses cinco mil, ele vai tirar 4 R$ mil líquidos, que é um salário que pouca gente no Brasil tem", continua o presidente da Jan-Pro.
Ticoulat também explica que, ao longo do tempo de trabalho, o investidor precisará fazer outros investimentos, pois alguns clientes exigirão equipamentos diferentes para a limpeza completa. Para o presidente, no entanto, o modelo de negócios permite que o franqueado nunca saia no prejuízo. "Nossos fornecedores homologados facilitam o investimento. Então, na verdade, quem paga é o cliente. Eu vou comprar um equipamento para pagar em quatro meses. Como o cliente está me pagando durante esses quatro meses, uma parcela dessa receita vai para esse equipamento", afirma.
O presidente da Jan-Pro, no entanto, não acredita que a situação econômica do Brasil tenha sido responsável pelo aumento da procura pelos modelos de investimento mais baixos da empresa. Segundo Ticoulat, a grande sacada foi o parcelamento da taxa, que agora pode ser dividida em até 36 vezes.
"O que aconteceu foi que no passado a gente vendia a vista e agora a gente tem vendido a prazo. Hoje, as pessoas estão preferindo comprar a prazo do que comprar à vista, então essa foi a grande diferença eu a gente sentiu com a crise. O que eu acho ótimo. Quanto menos ela puser de dinheiro no começo, menos ansiosa ela fica e mais a gente consegue desenvolver o trabalho passo a passo", conclui o executivo.
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Os modelos de negócios das empresas que oferecem investimentos mais baixos na feira da ABF mostram ser possível apostar em nanofranquias e conseguir resultados satisfatórios. Ao mesmo tempo, o franqueado deve ter em mente que não basta investir e esperar que seus probelmas sejam solucionados. A estrutura recebida vai apenas permitir que ele tenha condições de trabalhar e conquistar sua renda. Equilibrando o esforço e as ideias – e sempre mantendo a cautela –, as nanofranquias podem ser uma boa opção.