Assim como em todas as áreas profissionais, as práticas de recursos humanos passam por inovações constantemente, e uma das principais preocupações dos profissionais de Recursos Humanos (RH), de acordo com o sócio da S2 Consultoria, Renato Almeida dos Santos, é que as empresas têm procurado contratar pessoas com caráter para que suas habilidades sejam treinadas.
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Achou curioso? Santos explica que a nova postura adotada pelo setor de recursos humanos , nada mais é do que reflexo de muitas frustrações por parte das empresas, que focavam apenas em contratar profissionais com excelente capacidade intelectual e competências, mas que muitas vezes deixavam a desejar em relação ao comportamento ético, com desvios de caráter que impactam seriamente as organizações.
Antecedentes criminais
Embora seja relevante checar a postura de um candidato perante dilemas éticos, o especialista avalia que apurar antecedentes criminais é uma postura completamente míope, pois além de ser uma verificação preconceituosa, quando a análise é fator determinante no processo seletivo , a companhia também não consegue enxergar a contextualização da situação.
“Por exemplo, se contar no registro a tipificação ‘lesão corporal seguido de morte’, a tendência é julgar que o profissional espancou alguém até a morte e, provavelmente este profissional não será contratado. Porém, essa tipificação pode também se referir a um acidente de trânsito, onde o candidato foi envolvido em um atropelamento que resultou na morte da vítima”, Santos ainda questiona, se no final das contas esse profissional é uma pessoa sem caráter por conta desse episódio em sua vida.
Outro fator que inibe a prática é o fato de que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) anunciou, recentemente, que as companhias não podem mais exigir antecedentes criminais durante os processos seletivos, porque a demanda é uma forma de dano moral à pessoa.
Entretanto, há cargos em que se pode fazer análise dos antecedentes, sendo eles: empregados domésticos; cuidadores de menores, idosos ou deficientes (em creches, asilo ou instituições afins); motoristas rodoviários de carga; empregados que trabalham no setor da agroindústria no manejo de ferramentas de trabalho perfurocortantes; bancários e afins; trabalhadores que atuam com substâncias tóxicas; entorpecentes e armas; e funcionários que atuam com informações sigilosas.
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Outras razões para não exigir a documentação
A sensação de falsa segurança é um dos fatores que também explica a opinião de Santos. O especialista aponta que de cada 100 crimes que acontecem no Brasil, 90 nunca foram descobertos, com isso ele compreende que quando a organização faz uma consulta de antecedentes de um candidato, é gerado um autoengano perigoso, pois a chance daquele candidato que praticou crime no passado não ter sido identificado e punido são grandes.
Outro ponto que Santos aborda é em relação à eficiência de uma análise deste tipo. Caso a empresa apure que o candidato ou candidata tenha praticado furto quando jovem, isso realmente significa que se trata de uma pessoa que vá cometer más índoles pelo resto da vida? E caso, uma porta se feche por causa disso, qual será o destino dessa pessoa e da própria sociedade como um todo?
“Nessas semanas o Brasil entrou em uma polêmica sobre o rapaz que foi pego na tentativa de furtar uma bicicleta e dois agressores tatuaram na testa dele “Sou ladrão e vacilão” em um ato de selvageria. A reflexão que temos que fazer é: será que as empresas não estão fazendo o mesmo?”, questiona o especialista novamente.
Solução
Diferentemente dos antecedentes criminais, que não trazem amplas contextualizações dos ocorridos, com os testes de integridade esse deficit é superado. De acordo com Santos, nesses testes é possível tangibilizar de forma bastante técnica uma percepção que é muito difícil de ter, pois não raro o fraudador é bom comunicador e carismático.
Em sua tese de doutorado, Renato dos Santos teve a oportunidade de criar a metodologia Potencial de Integridade Resiliente (PIR), que identifica e trabalha a capacidade do profissional de lidar com dilemas éticos no cotidiano, de uma forma muito mais segura e capaz de compreender a dimensão humana, sem julgar as pessoas pelos seus atos passados.
Exceções
Bom, caso você tenha interesse em se candidatar em uma daquelas profissões em que o recursos humanos do contratante pode pedir o antecedente criminal, saiba que no Poupa Tempo é possível solicitar o documento, basta que você tenha idade mínima de 18 anos; documentos legíveis (sem manchas, sem rasuras, sem rasgos); agende o serviço pela internet neste link , ou pelo aplicativo SP Serviços ou pelo telefone 0800-7723633, com exceção dos postos de Araraquara, Botucatu, Franca e Presidente Prudente, onde o atendimento é feito mediante senhas limitadas.
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