O Uber recebeu o direito de recorrer de uma ação judicial que obrigada a empresa a tratar seus motoristas no Reino Unido como funcionários formais com direito a salário mínimo e auxílio doença. De acordo com o jornal britânico "The Guardian", o tribunal que cuida de ações trabalhistas em Londres marcou uma audiência para os dias 27 e 28 de setembro e deverá ouvir tanto a empresa responsável pelo aplicativo, quanto os motoristas que decidiram iniciar a ação judicial.
Leia também: Volkswagen coloca 3,6 mil funcionários em férias coletivas
Na ocasião, o Uber deverá argumentar que os milhares motoristas no Reino Unido são livres para trabalhar quando e onde quiserem e que o modelo de trabalho oferece mais flexibilidade que os contratos de autônomos convencionais. Por outro lado, os motoristas James Farrar e Yaseen Aslam, que estão movendo a ação com outras 19 pessoas que também ganham dinheiro pelo aplicativo, consideram que não são trabalhadores autônomos, mas, sim, funcionários da empresa.
Leia também: Consumidor está otimista em relação à inflação para os próximos meses, diz CNI
Em outubro do ano passado, um tribunal de instância inferior decidiu que os motoristas que utilizavam o aplicativo para conseguir corridas não poderiam ser considerados autônomos. "A ideia de que o Uber em Londres é um mosaico de 30 mil pequenos empresários conectados a uma 'plataforma' comum é, na nossa concepção, um tanto quanto ridícula", dizia a decisão. "Os motoristas não negociam e não podem negociar com os passageiros. Eles são oferecidos e aceitam viagens de acordo com os termos do Uber".
Você viu?
O aplicativo de transporte considera como autônomos os motoristas que entram em suas contas para realizar corridas. Depois de finalizar a viagem, o motorista repasse parte do preço total com a empresa, que fica responsável por definir como será a divisão. Ao anunciar a decisão, um porta-voz da companhia afirmou que "a vasta maioria dos motoristas que utilizam o Uber nos dizem que o desejo de ser seu próprio patrão é a principal razão para eles se juntarem a nós".
Enquanto isso, a GMB, entidade que representa os trabalhadores no Reino Unido, afirma que continuará a disputa judicial. "Embora respeitemos plenamente o interesse do tribunal superior neste caso extraordinariamente importante sobre o falso trabalho por conta própria, permanecemos 100% confiantes de que os tribunais defenderão o julgamento original de que esses motoristas têm empregado status de trabalhador", disse a associação ao "The Guardian".
Leia também: Motorista instala Super Nintendo em seu Uber e conquista 4,89 estrelas
Segundo o jornal, a decisão da Justiça de permitir uma nova audiência é uma ótima notícia para a empresa responsável pelo aplicativo, pois seja qual for o resultado, mudanças mais significativas em seu modelo de trabalho poderão ser adiadas. Ainda mais em um momento de diversas polêmicas com a companhia, que chegou a receber acusações de assédio sexual na sede da Califórnia, nos Estados Unidos. O próprio CEO do Uber, Travis Kalanick, se envolveu, há cerca de um mês, em uma discussão com um motorista que reclamou dos valores distribuídos pelo app.