Os recentes números da economia já apontam para uma recuperação do mercado de trabalho. As informaçnoes foram divulgadas nesta quarta-feira (19) pela Carta de Conjuntura do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). Segundo a pesquisa, o comportamento dos salários iniciou uma trajetória de aceleração no trimestre encerrado em fevereiro, com alta de 1,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
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Segundo o instituto, a expectativa é de continuidade deste movimento de recuperação salarial no mercado de trabalho , possibilitado, em parte, pelo recuo da inflação pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Mesmo que de forma moderada, a conjunção da expansão dos rendimentos reais, atrelada à melhora de comportamento da população ocupada, deve impactar positivamente o comportamento da massa salarial, gerando incentivos à retomada do consumo das famílias", afirma a análise do Ipea.
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Entre dezembro de 2016 e fevereiro de 2017, a taxa de desemprego atingiu, em média, 13,2%. O levantamento, no entanto, aponta para uma diminuição no ritmo de demissões no período, com base na expansão de população economicamente ativa, que cresceu 1,4% em 2016. A elevação pode ser explicada pelo aumento de 2,7% dos declarados "não chefes de família" na pesquisa. Os números apontam o ingresso de um ou mais membros de uma família na força de trabalho para recompor a renda perdida durante o período de recessão.
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Atingidos pela crise
O relatório realizou pela primeira vez uma análise de acordo com recortes como sexo, idade e escolaridadade, a partir de microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, realizada pelo IBGE. A avaliação por escolaridade, por exemplo, afirma que os maiores impactados pela crise sobre o nível de emprego foram os trabalhadores que estão nas duas faixas com menor grau de instrução: ensino fundamental incompleto (-5,6%) e ensino fundamental completo (-8,3%).
Por outro lado, o contingente de trabalhadores com ensino superior voltou a registrar variação positiva em 2016 (2,5%), indicando que, mesmo durante o período de crise mais acentuada, a economia gerou mais postos de trabalhos para pessoas com maior qualificação. O mesmo ocorreu com trabalhadores com mais de 59 anos, que cresceu 1,1% e foi a única faixa etária a apresentar crescimento no ano passado.
Os trabalhadroes com idade entre 25 e 49 anos, que correspondem a 62% da população ocupada, tiveram redução de 1,4% em 2016. Com estas informações, o Ipea conclui que a força de trabalho vem sofrendo alteração em seu perfil, ou seja, está se tornando mais idosa e instruída, por conta de uma acelerada transição do perfil demográfico e a uma série de políticas de aumento do acesso à educação iniciadas na década de 1990.
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De acordo com pesquisadores do Ipea, as perspectivas para o mercado de trabalho são favoráveis, mesmo que nos próximos meses a taxa de desemprego se mantenha em patamar elevado. "À medida que a retomada da economia se consolide, a taxa de desemprego deve começar a cair lentamente no segundo semestre", diz o texto assinado pelos pesquisadores Maria Andréia Parente Lameiras e Sandro Sacchet de Carvalho.