Os frigoríficos Souza Ramos, Transmeat e Peccin deverão recolher todos os seus produtos em até cinco dias. A decisão foi tomada na quinta-feira (23) pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Os três frigoríficos foram citadas na Operação Carne Fraca, que investiga 21 empresas do setor de alimentos. O recall deve ser iniciado em até cinco dias e os consumidores deverão ser ressarcidos por eventuais prejuízos.
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Em nota, a Senacon afirmou que, ao tomar conhecimento da Operação Carne Fraca , solicitou mais informações sobre o caso ao Ministério da Agricultura, que enviou dias depois resultados de uma auditoria realizada nos frigoríficos. A auditoria revelou que o estabelecimento da Souza Ramos, na cidade de Colombo (PR), "não detém controle dos processos relacionados à formulação e à rastreabilidade de seus produtos, não garantindo a inocuidade dos produtos elaborados, fato que levou a interdição da mesma".
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No caso da Transmeat, localizada em Balsa Nova (PR), o ministério revelou que "o estabelecimento não detém controle dos processo relacionados à rastreabilidade dos produtos". A investigação da Peccin, de Curitiba (PR), reiterou a "suspeita de risco à saúde pública ou adulteração".
O estabelecimento da Peccin em Curitiba está entre os três interditados pelo Ministério da Agricultura na sexta-feira (17). A Peccin também teve uma outra unidade interditada em Jaraguá do Sul (SC). A terceira planta fabril interditada pelo Mapa pertence à BRF (dona das marcas Sadia e Perdigão, entre outras) e fica em Mineiros (GO).
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A Senacon explica ainda que o consumidor que tiver adquirido carnes produzidas ou comercializadas por qualquer uma das empresas investigadas deve entrar em contato com a empresa para obter informação clara sobre a qualidade e a segurança dos produtos. Caso não consiga atendimento adequado ou permaneça com dúvidas, deve procurar o órgão de defesa do consumidor mais próximo para orientação sobre como proceder ou para realizar sua denúncia ou reclamação.
A nota divulgada nesta sexta-feira (24) pela Senacon informa ainda que, logo após a investigação se tornar pública, o órgão notificou as empresas JBS, BRF, Peccin, Larissa, Mastercarnes e Souza Ramos para que fornecessem informações que ajudassem a esclarecer os fatos, além de indicarem lotes de produtos sob suspeita de terem sido adulterados, o eventual tipo de adulteração, as quantidades de produtos potencialmente irregulares, bem como a data de fabricação e validade.
De acordo com a Senacon, a JBS, detentora de marcas como Friboi, Seara, Swift e Angus, declarou que a operação da PF se limitou ao gabinete do médico veterinário conveniado ao ministério, Welman Paixão Silva Oliveira, que dava expediente na planta frigorífica da JBS em Goiânia (GO). Segundo a JBS, "os fatos noticiados estão sendo objeto de cuidadosos procedimentos internos de apuração", mesmo que, segundo a empresa, "não envolvam nenhuma das marcas da JBS, não havendo necessidade de retenção ou recall de lotes de produtos".
Entenda
A Operação Carne Fraca foi deflagrada pela Polícia Federal (PF) na última sexta-feira (17) para apurar suspeitas de irregularidades na produção de carne processada e derivados, bem como na fiscalização do setor. Segundo a PF divulgou inicialmente, fiscais sanitários liberariam a venda de produtos sem a devida fiscalização, bem como o comércio de carnes com prazo de validade expirado e com a adição de substâncias para mascarar a qualidade das carnes.
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A repercussão dos fatos foi negativa para as exportações brasileiras, já que muitos países optaram por suspender a compra de carne brasileira até que os fatos sejam esclarecidos. Entre os parceiros comerciais que optaram pela suspensão estão União Europeia, China, Chile e Suíça. A Coreia do Sul, primeira a anunciar embargo aos produtos brasileiros, revogou a decisão no começo desta semana.
O governo estima que o País possa perder até US$ 1,5 bilhão por conta das quedas nas exportações. O presidente da República, Michel Temer, afirmou que a Operação Carne Fraca causou "embaraço econômico" ao País. Segundo ele, toda a equipe de governo está à disposição dos parceiros comerciais para esclarecimentos sobre o assunto e espera com isso, impedir um prejuízo maior as exportações brasileiras.