A agência de classificação de risco Moody's elevou nesta quarta-feira (15) a perspectiva da economia brasileira de negativa para estável e manteve a nota do País em Ba2, equivalente ao nível de especulação e dois níveis abaixo do grau de investimento. De acordo com nota divulgada pela agência, os sinais de recuperação, como a queda da inflação e as mudanças no cenário fiscal contribuiram para a decisão.

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Apesar de manter o Brasil abaixo do grau de investimento, considerado pelo mercado como um selo de bom pagador, a Moody's espera que a economia apresente crescimento neste ano. "O surgimento, no ano passado, de um ambiente positivo para as reformas sinaliza a melhora do funcionamento das instituições que darão suporte à implementação da reforma fiscal e a aprovação da reforma da Previdência", explicou a agência em nota.

Moody's ressaltou que a instabilidade política comprometer a aprovação das reformas propostas pelo governo
EBC
Moody's ressaltou que a instabilidade política comprometer a aprovação das reformas propostas pelo governo

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A agência comentou a situação da Petrobras e informou ainda que, apesar de ter custos para as contas do governo federal nos próximos anos, a renegociação da dívida dos estados trará impactos limitados sobre os cofres federais. "Os riscos de passivos contingentes relacionados ao apoio financeiro à Petrobras diminuíram, reduzindo, em consequência, os riscos de deterioração, enquanto o custo fiscal do alívio da dívida concedido aos governos estaduais permanece limitado".

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Para o diretor de câmbio da FB Capital, Fernando Bergallo, a elevação da perspectiva da economia brasileira está relacionada com o "aumento de confiança no atual governo e sua capacidade de implementar as reformas necessárias, em especial a reforma da Previdência". Para ele, este é o primeiro paso. "O segundo momento é a subida do rating, o que impactaria na taxa de juros, câmbio e investimento estrangeiro", explica.

Apesar de ressaltar a melhoria do cenário para o governo, a agência advertiu que existe o risco de a instabilidade política comprometer a aprovação de reformas. A ressalva é semelhante à avaliação feita pela Standard & Poor's em fevereiro. A agência também manteve o Brasil abaixo do grau de investimento . Na ocasião, a S&P afirmou que a aprovação de medidas econômicas, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do teto de gastos, haviam sido importantes, mas considerou que a busca equilíbrio das contas do governo poderia ser interrompida por conta de dificuldades políticas.

Repercussão

O presidente Michel Temer comemorou o anúncio da Moody's. Segundo ele, o resultado é um "reconhecimento" dos "esforços" feitos pelo governo para recuperar a credibilidade da economia. Em nota, o Ministério da Fazenda disse que a decisão da Moody's representa o reconhecimento de que o governo está tomando as decisões corretas. "A reavaliação pela Moody’s é um reconhecimento importante dos recentes esforços na recuperação fiscal e destaca os benefícios a serem alcançados com a efetivação das reformas".

Entenda

A classificação de risco por agências estrangeiras representa uma medida de confiança dos investidores internacionais na economia de determinado País. As notas são usadas como referência para juros de títulos públicos, que representam o custo para o governo pegar dinheiro emprestado com investidores. As agências também atribuem notas aos títulos que empresas emitem no mercado financeiro, avaliando a capacidade das companhias honrarem seus compromissos.

Além da Moody's, as agências mais conceituadas pelo mercado são a Fitch e a Standard & Poor's. Ao realizar suas avaliações, as empresas enviam técnicos aos países para verificarem as condições da economia local. Uma avaliação positiva, isto é, dentro do grau de investimento, faz um País e suas empresas levantarem recursos no mercado internacional com custos menores e melhores condições de pagamento. Caso contrário, o país passa a ser considerado de grau especulativo.

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