A indústria encerrou 2016 com o menor nível de utilização da capacidade instalada desde o início da série dessazonalizada, em 2003. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que divulgou nesta segunda-feira (30) dados relativos a dezembro, o setor terminou o ano em 76%. O desempenho médio no ano ficou 2,0 pontos percentuais abaixo do registrado em 2015 e 4,9 p.p. abaixo do registrado entre 2003 e 2014.
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Para o gerente-executivo de Políticas Econômicas da CNI, Flávio Castelo Branco, o índice revela um dos motivos para recentes quedas do setor. "É indicativo de uma grande folga que existe na indústria. Há uma grande ociosidade no setor e isso é um limitador da retomada do investimento", explica.
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O levantamento também revelou que o poder de compra dos trabalhadores no setor diminiui no fim do ano passado. A massa real de salários recuou 1,6 na comparação entre os resultados de novembro e dezembro. Já o rendimento médio real do trabalhador apresentou queda de 1,2% no período. Esta foi a terceiro queda seguida do indicador. "A capacidade de compra está prejudicada não apenas pelo desemprego, como também pela inflação", disse Castelo Branco.
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Apesar da queda, dezembro registrou alta nos índices relacionados ao emprego e às horas trabalhadas na produção. Após 23 meses seguidos de queda, o emprego cresceu 0,2% em dezembro na série dessazonalizada, que não leva em conta a inflação e as características do mês analisado. No mesmo período, as horas trabalhadas cresceram 1%.
Segundo a CNI, este foi o segundo aumento consecutivo das horas trabalhadas na produçnao. Na soma entre novembro e dezembro, o indicador acumulou crescimento de 1,8%. Para Castelo Branco, as elevações nos dois índices podem apontar para uma "possível reversão da trajetória negativa da atividade industrial, que já vem [ocorrendo] há dois anos".
Queda anual
Na comparação para o acumulado em 12 meses, os indicadores apresentaram números ainda piores. O faturamento real do setor caiu 12,1% na comparação entre 2015 e 2016 e as horas trabalhadas, 7,6%. Já os indicadores relacionados a emprego apresentaram queda de 7,5%. A massa real de salários teve queda de 8,6% de um ano para o outro e o rendimento médio do trabalhador recuou 1,2%.
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Segundo Castelo Branco, a comparação deixa ainda mais claro que 2016 foi um ano difícil para a indústria. "A magnitude da queda [do faturamento real], na casa dos dois dígitos e em cima de quedas já têm sido grandes em anos anteriores, mostra uma grande corrosão do faturamento das empresas".
* Com informações da Agência Brasil.