Apesar das expectativas de recuperação da economia do País estar melhores, o ano de 2017 não promete trazer o fim da crise, segundo os dados apresentados pela economista Sílvia Matos, no seminário Perspectivas 2017: Economia e Política em Momento de Mudança, promovido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), nesta segunda-feira (31).
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A previsão é que em 2016 haja contração de 3,4% e que o próximo ano comece com queda de 0,5% no Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com Matos, que é a coordenadora técnica do Boletim Macro Ibre, estudo mensal que contempla estatísticas, projeções e análises dos aspectos mais relevantes da economia brasileira, a saída do Brasil da crise
não deve ser tão rápida. “Uma recessão longa, profunda, similar àquela dos anos 80 e, sem dúvida, com baixo crescimento neste ano”, afirmou a economista.
Pela análise da especialista, o movimento de “desinflação” está acontecendo de forma lenta, o que causaria maior cautela por parte do Banco Central (BC), responsável pela calibragem da economia do País. Ainda segundo a economista, como não é possível saber quanto de desinflação acontecerá nos próximos meses, a estimativa é de que não haja queda da taxa de juros – tão esperada pelo mercado. “Logo, a economia não poderá se recuperar com a mesma velocidade”, pondera.
Política fiscal
Para a Agência Brasil, Sílvia disse que o “calcanhar de Aquiles” da economia brasileira é a política fiscal e que a trajetória da dívida bruta é insustentável. A economia lembra que existe uma agenda de reformas para a retomada dos investimentos no Brasil e para a estabilidade das regras.
Ademais, a economista acredita ser bastante importante a sinalização para os investidores estrangeiros de que o novo governo que assumirá em 2019 não vai mudar o modelo econômico adotado.
“Mudanças constitucionais que são difíceis de serem aprovadas, sendo também difíceis de reverter. Previdência é uma batalha dificílima, mas se o governo conseguir pode até gerar um cenário mais favorável do que o que a gente está avaliando”, defende.
Setor de serviços
O momento atual é de redução de despesas do governo federal e, ainda, de consumo das famílias brasileiras. E, para que acontecesse a aceleração da economia de forma mais rápida, seria necessário o crescimento robusto tanto do setor de serviços quanto da atividade industrial.
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“Como a gente não tem nada de fora puxando a indústria e o setor externo não vai contribuir para este supercrescimento, o que poderia vir seria da demanda interna, mas para a demanda interna vir com uma aceleração muito forte, precisa ter capacidade de aceleração que viria pelo canal do crédito, que parece ainda estar entupido”, afirmou a especialista após o seminário nesta segunda-feira.
Estimativas para 2018
Para 2018, a previsão é de um PIB ainda baixo, em torno de 2%. Apesar disso, os índices de desemprego podem ser melhores a partir do segundo semestre de 2017, o que, para a economista, não seria “nada brilhante”.
“É um sinal favorável e pode continuar em 2018. Mas a gente vai conviver com taxas de desemprego ainda elevadas, porque antes de contratar, existe um espaço para aumento de horas trabalhadas”, disse.
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A economista da FGV também destacou que as reformas são necessárias para a solução da crise, sendo a única opção possível para o País. Ela acredita que isso poderia solucionar as dificuldades causadas na economia pelos reflexos da Operação Lava Jato.
“Quando a situação econômica melhora de alguma forma o político é bem avaliado. Está dando os incentivos corretos. Vamos tentar arrumar essa economia, porque com a crise ninguém ganha, todos perdemos. É essa visão um pouco mais otimista. Não quer dizer que vamos resolver todos os problemas em 2017. O cenário de curto prazo reflete esses problemas tão grandes da nossa economia”, finalizou.