O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), defendeu nesta quarta-feira (22) que a reforma da Previdência não se aplique apenas a União, mas também aos estados. Mas o deputado admitiu que sua posição não será levada em consideração na votação do texto. Isso porque há um forte movimento, que inclui o centrão, contrário à adequação dos governos estaduais às novas regras que serão adotadas para o sistema previdenciário brasileiro.
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"Vai ser difícil que os estados entrem na reforma da Previdência , mas eu, pessoalmente, solitariamente, defendo que o sistema é único. Não adianta resolver parte da doença do corpo e deixar a outra parte doente. Não adianta resolver o problema da União e deixar que as previdências dos estados continuem gerando déficits enormes, que dobraram nos últimos quatro anos", argumentou.
Maia também defendeu a adoção de alíquotas progressivas no sistema previdenciário como forma de reduzir as desigualdades. Segundo o deputado, o estado do Rio de Janeiro, por exemplo, tem uma alíquota "extremamente baixa", hoje em 14%. "Não tenho chance de ganhar a eleição para o governo do Rio, mas se eu vencesse, a alíquota seria de 30%", garantiu.
Maia confirmou que as mudanças no BPC (Benefício de Prestação Continuada) e na aposentadoria rural propostas pela reforma da Previdência "estão fora do texto". Para aprovar o texto, o governo admitiu ontem (21) que poderia abrir mão de mudança em benefícios assistenciais . "Como isso estará fora, vamos discutir os temas que geram mais conflitos na sociedade", disse.
O presidente da Câmara também disse que é defensor do sistema de capitalização proposto pelo governo. Ele sugeriu, no entanto, que esse tipo de poupança seja aprovado, mas implementado apenas quando o país sair da recessão: "Sou 100% a favor da capitalização, mas vamos implementar esse regime quando o Brasil estiver crescendo e aumentando sua base de contribuintes".
Democracia
Rodrigo Maia ainda enfatizou que o ambiente democrático de um país é fundamental para atrair investimentos. Segundo o deputado, às vezes surgem conflitos entre os poderes que não colaboram, ao contrário, sinalizam de forma negativa para quem quer investir no Brasil.
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"Não adianta reforma Previdência, do Estado, se a democracia não for madura. Sabemos que o setor privado não tende a investir em ditaduras e reafirmar a democracia é fundamental para que reformas tenham resultado para a população brasileira", complementou.