Aqui no Brasil, vemos que poucas pessoas são realmente organizadas financeiramente
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Aqui no Brasil, vemos que poucas pessoas são realmente organizadas financeiramente


Você sabe o que é Kakebo? Se nunca ouviu falar, saiba que esse é um método japonês para  economizar dinheiro. A palavra é derivada do termo oriental “kakeibo”, que significa “livro de contas da economia doméstica”.

De forma literal, é exatamente isso - um diário que a pessoa usa para monitorar as despesas e anotar as metas financeiras. Embora o Kakebo ainda seja pouco conhecido em boa parte do mundo, essa é uma técnica muito tradicional no Japão.

Considerada a primeira jornalista mulher do país asiático,  Hani Motoko escreveu sobre o método em uma revista feminina em 1904. O objetivo era ajudar as donas de casa a administrarem suas finanças domésticas de maneira eficaz.

Mais de um século depois, o Kakebo continua ajudando a vida financeira de muita gente, em todas as partes do mundo e não apenas das mulheres. A proposta continua a mesma: apoiar no planejamento financeiro de um jeito simples, para que a pessoa registre seus consumos e depois reflita sobre como foram os seus gastos a cada mês e encontre maneiras de melhorar.

Descendência japonesa

Como bons descendentes de família japonesa, temos como referência a nossa avó, que sempre foi muito boa em inúmeras coisas, mas uma em particular chamava atenção: a capacidade de conseguir economizar.

Nossa avó nasceu em 1939. Hoje, está com 84 anos, uma idade mais avançada para trabalhar, mas sem nenhuma preocupação, já que está descansando e usufruindo da renda que conseguiu juntar durante os últimos anos. Isso porque ela economizou muito e fez um ótimo "pé de meia" de R$ 500 mil. Tudo isso por meio do Kakebo.

Seus pais eram japoneses, mas ela nasceu aqui no Brasil e durante a vida toda trabalhou como costureira. Então, ela sempre ganhou muito pouco. Se para muitos depois de uma certa idade tudo fica mais difícil, a nossa avó, com mais de 50 anos e quando já tinha três filhas e netos, teve a oportunidade de ir para o Japão para trabalhar.

Nessa época, ela ainda não tinha casa própria, nenhuma economia guardada e, por isso, viu uma boa oportunidade em ir morar do outro lado do mundo para trabalhar como cuidadora de idosos. Quem tem algum familiar ou amigo que vive e trabalha no Japão já deve ter ouvido falar como é pesada a jornada de trabalho por lá. Muitas pessoas só têm uma folga por semana e precisam enfrentar longas e exaustivas cargas horárias para conseguir ganhar bem.

Considerando essa cultura do trabalho oriental, cuidar de idosos acabava sendo ainda mais desgastante. Nossa avó tinha que ficar com os seus pacientes durante o dia inteiro, dar banho, pegar peso e até os acompanhava no período da noite. Ou seja, eram muitas noites sem dormir direito, já que precisava ficar sentadinha numa poltrona ao lado, atenta em caso de qualquer necessidade.

Apesar de não ser mais nenhuma jovem e enfrentar um trabalho exaustivo, o objetivo dela sempre foi juntar o máximo de dinheiro possível, voltar para o Brasil, conseguir ter a sua casa própria e ter uma vida mais tranquila.

Economize anotando seus gastos

Cada país tem uma cultura diferente em relação ao dinheiro. Aqui no Brasil, vemos que poucas pessoas são realmente organizadas financeiramente, já que tem muitos endividados no país. Já os japoneses, culturalmente, acabam sendo mais conscientes com a sua vida financeira. Nossa avó, por exemplo, sempre foi muito organizada e lá no Japão conseguiu juntar um bom valor.

Para alcançar esse resultado, ela sempre se baseou no Kakebo. Só que para dar certo, é preciso colocar uma meta realista de quanto você consegue guardar todos os meses - é óbvio que isso vai de acordo com os seus rendimentos e o quanto é gasto todos os meses.

Tem muita gente que vai nos comentários das nossas redes sociais e diz que começou a economizar, mas antes do final do mês precisou recorrer àquela quantia para pagar alguma conta. Imprevistos podem surgir, mas isso acontece principalmente porque o primeiro passo não foi feito de forma correta.

Os japoneses têm isso muito bem definido, tanto que a nossa avó também seguia rigorosamente essa organização financeira. Ela tinha um caderninho onde anotava todos os gastos, até hoje em dia, quando vamos visitá-la, vemos uma pastinha onde coloca todas as contas de luz, de condomínio, IPTU e demais despesas.

Assim como os japoneses, você pode ter um caderninho ou, se preferir, pode anotar no bloco de notas celular ou fazer uma planilha no computador. O mais importante é que exista esse controle. Dessa forma, você vai anotar seus gastos e separá-los em quatro categorias diferentes:

Despesas de sobrevivência

São as contas fixas que você precisa pagar todos os meses, como aluguel ou algum financiamento, taxa de condomínio para quem mora em apartamento, IPTU, conta de luz, internet, gastos com mercado. Ou seja, os gastos recorrentes de todo mês.

Cultura e lazer

Incluem valores gastos com livros, idas ao cinema, restaurantes e viagens. É claro que são pouquíssimas pessoas que irão viajar todo o mês, então para fazer esse cálculo de gasto mensal é preciso dividir os custos da viagem por 12. Importante fazer esse controle no início de seu pagamento, mesmo que você viaje só depois de um longo período.

Imprevistos

Se o carro quebrou, seu animal de estimação teve alguma emergência médica ou você perdeu o seu celular, é bom sempre ter um dinheiro guardado. Por isso, reservar algo para imprevistos pode calhar bem.

Investimentos

Conseguiu ter uma visão mais clara de seus gastos mensais? O valor restante é aquilo que você conseguirá investir todos os meses.

Comece a anotar tudo aquilo que gastou. Quando falamos tudo, é tudo mesmo, do seu aluguel até a coxinha que você comprou na padaria. Depois de ter anotado durante o mês inteiro seus gastos, você vai lá e separa os valores nas categorias que listamos: sobrevivência, cultura/lazer, imprevistos e, por fim, investimentos. Essa prática certamente irá melhorar a sua educação financeira, já que conseguirá entender melhor para onde está indo o seu dinheiro.

Lembre-se que para crescer financeiramente você precisa considerar o valor investido como um gasto corriqueiro como qualquer outro, um compromisso para você investir em seu próprio futuro e que precisa ser cumprido, como o pagamento de uma conta de luz, água ou de aluguel.

Sabemos que a realidade de muitos brasileiros é ganhar apenas um salário mínimo e que, muitas vezes, com esse valor não é possível nem pagar as contas básicas. Se você está dentro deste grupo, o melhor conselho que damos é para você não desistir e tentar fazer uma renda extra.

É preciso ir atrás de ganhar mais dinheiro, estudar mais, investir em sua qualificação profissional. Dessa forma, será possível aumentar os rendimentos aos poucos e também ter a possibilidade de começar a investir o seu dinheiro.

Quer saber mais como aumentar seus rendimentos? Fique de olho em nossa  coluna aqui no iG, que vamos te ajudar nessa sua jornada. Até a próxima!


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