Você já pensou em como o desenvolvimento de um aplicativo personalizado para uma marca pode ser fundamental para o seu reconhecimento, consolidação ou mesmo expansão? Uma pesquisa realizada pela Score, em parceria com a Internet Media Services, mostrou que nove em cada dez latinos usam smartphones e que 99% deles têm o hábito de baixar aplicativos nos seus dispositivos.
De acordo com Caio Bretones, CEO da Mobile2You, empresa especializada no desenvolvimento de aplicativos personalizados e sob demanda, esses dados indicam que o mercado é promissor e que essa é a hora de os empreendimentos apostarem no mobile, seja como ferramenta de marketing, seja como modelo de negócios, ou até mesmo como ferramenta para gestão.
E parece que muitas delas já perceberam isso. Embora várias empresas estejam ajustando seu orçamento diante do cenário de recessão da economia brasileira, muitas delas não têm dispensado o desenvolvimento de um aplicativo personalizado para seu negócio.
"Em 2016, comparado ao mesmo período de 2015, o crescimento foi de 35%, e isso se deve em grande parte à adesão das empresas ao mundo digital, e à busca de um novo canal para se comunicar com os clientes. Temos hoje, em torno de 45 clientes ativos, sendo 90% deles de São Paulo, de segmentos pulverizados", diz Bretones.
A Esauce, agência de marketing digital e criação de sites e aplicativos também viu o número de clientes aumentar. "Há cerca de dois anos recebemos diariamente um volume bem interessante de solicitações de orçamento. Claro que existe um volume grande de pessoas empreendedoras nos procurando para tirar suas ideias do papel e iniciar suas startups, mas no momento, todos os setores estão aquecidos e querendo ingressar no mercado de aplicativos", conta Bruno Moreira, analista de marketing digital e sócio-fundador da empresa.
Outro levantamento, feito pela App Annie, empresa de inteligência de negócios sediada em San Francisco, Califórnia, revelou outro dado importante sobre os aplicativos: o Brasil cresceu 44% em receita e 33% em downloads em 2015.
"Não é preciso muito para ver a quantidade de pessoas que usam smartphones hoje em dia. Os números mostram que existem mais conexões de telefonia que pessoas no mundo, e toda essa gente passa, em média, mais de 3 horas por dia de olho na tela do celular - mais do que na frente de um desktop ou até mesmo da televisão", diz Moreira.
"Há uma estimativa de que boa parte desse tempo essas pessoas estejam usando um aplicativo, e se as pessoas estão usando esses aplicativos, as empresas querem estar nas mãos de seus potenciais clientes", acrescenta.
Bretones não tem dúvidas de que os aplicativos chegaram com a mesma força que os sites, há cerca de 10 anos. "Naquela época, todas as empresas precisavam estar nos canais de pesquisa e ter um site para se destacar. Hoje em dia, o aplicativo é uma ferramenta muito mais revolucionária que o site. É um canal importante para identificar o consumidor e impactá-lo de maneiras diferenciadas, especialmente nos momentos de crise", explica.
O aplicativo ideal
"Um bom aplicativo é aquele que resolve um problema latente do cliente. Não adianta ter um aplicativo apenas para fornecer notícias de sua empresa, porque para essa função já existem as redes sociais, os e-mails e os blogs. Se sua empresa atende a uma 'dor' do cliente, ele não vai esquecer você", esclarece Moreira.
Bretones ressalta também que o aplicativo deve ser uma canal realmente diferenciado, que interaja com seu público de interesse.
"Uma coisa é uma empresa criar um aplicativo institucional, outra é uma empresa criar um aplicativo pensando em como ela vai usar esse novo recurso para interagir com os clientes antigos e atingir os usuários novos. A revolução dos aplicativos consiste em estar presente no particular do usuário. Você consegue saber todas as informações da pessoa, como a idade e os amigos que ela tem, e o local onde ela mora, quando ela loga no aplicativo com o Facebook, por exemplo", conta Bretones.
Também é essencial que o desenvolvedor do aplicativo conheça o perfil do usuário para que ele possa desenvolver as melhores estratégias para alcançá-lo e impactá-lo.
Bretones relata que se a empresa conhece o tipo de compra que cada cliente efetua no varejo, ela consegue impactá-lo no exato momento em que ele passa perto de uma loja que é do interesse dele por meio de uma notificação, por exemplo. Também é possível criar nichos diferenciados entre os usuários para que, dessa forma, o empreendedor posso interagir de uma forma diferente, com cada comunidade de usuário.
"Isso quer dizer que eu consigo filtrar, por exemplo, qual público vai se interessar por uma promoção de Dia das Mães e agendar notificações para esses usuários, especificamente".
Outras ferramentas que os empreendedores têm a disposição são a tecnologia iBeacon, sensores que permitem que os desenvolvedores criem interações in loco, e as plataformas de analytics, com as quais os administradores do negócio conseguem avaliar a experiência do usuário, elaborar relatórios de acessos e analisar o desempenho do aplicativo.
"Se esses sensores estão instalados no supermercado que você frequenta, por exemplo, você receberá avisos te notificando quais são as promoções disponíveis naquele local que se enquadram no seu perfil. Com a ferramenta de Analitics, consigo entender o fluxo dos usuários e descobrir onde se deu a fuga do aplicativo", exemplifica Bretones.
Segundo o especialista, como as aplicações ainda são novidades para as empresas e como ainda há espaço para ideias inovadoras, as modalidades ou segmentos de aplicativos ainda estão bastante pulverizados.
Entretanto, embora haja uma gama enorme de aplicativos e eles sejam uma ótima ferramenta de marketing, garantir o seu uso contínuo após o download é um baita desafio. "A maioria das pessoas usam apenas 20% dos aplicativos instalados no celular", assinala Moreira.
Por isso, é importante que além de ter uma funcionalidade diferente e interessante, o aplicativo tenha um design bonito e funcional e seja lançado no momento ideal. "Cada produto é único e possui suas funções, porém, é de extrema importância que a funcionalidade central da aplicação seja clara para o usuário e o incentive a querer interagir com frequência devido às recompensas que a aplicação entrega a ele", alerta Bretones
Além disso, ele acrescenta, "o tempo certo para qualquer inovação ou lançamento de produto do meio digital representa uma grande variável. Se você perder esse tempo, seu projeto pode ser comprometido e ir por água baixo".
Um aplicativo que não sofre evoluções também está fadado ao fracasso. Os usuários sempre querem novidade. Não é mera coincidência que os aplicativos que possuem maior acesso sejam também os aplicativos que se atualizam e se adaptam de acordo com o fluxo e o feedback dos usuários.
Junior Maximus, diretor de marketing e sócio do Maximus Atelier, que atua há 32 anos no ramo de alta costura, com venda e locação de trajes sociais para noivas e noivos, e preparação de festas, no Paraná, sabe da importância de atualizar o aplicativo Bem Casados, lançado há 10 meses.
"Estamos investindo neste momento mais em programação - layout e reestruturação de funções - do que em impulsionamento de download, porque não nos interessa tanto o número de pessoas que baixam ao aplicativo, mas quantos delas desistem dele. Entendemos que o aplicativo precisa ser muito intuitivo. Não basta ter uma layout bonito se não for funcional, se a gente colocar o aplicativo na mão do usuário e ele não entender quais são as ferramentas que ele tem a disposição e como ele pode usá-las", conta.
O Maximus Atelier é um exemplo de negócio que percebeu a mudança no mercado e notou que tinha necessidade de se adaptar.
"Temos uma revista de noivas que está no mercado há 10 anos e que tem bastante apelo na região, mas percebemos que essa modalidade vem caindo em desuso e perdendo espaço para as novas mídias, e que os aplicativos têm se tornado mais populares, explica o paranaense.
O Bem Casados funciona como um Wedding Planner, ou seja, uma ferramenta que auxilia casais a planejar todos os detalhes da cerimônica. Ela reúne funções como gerenciador de tarefas (espécie de cerimonialista virtual, ou check list ideal, com dicas de tudo o que não se deve perder de vista para realizar o casamento perfeito), gerenciador financeiro (que permite a organização da cerimônica através de planilhas financeiras dos contratos fechados), guia de fornecedores (com localizador das empresas mais próximas da noiva, com filtro por categorias, pedido de orçamento online e chat) e painel de inspirações (onde é possível colecionar imagens de tudo que é importante para tratar com a cerimonialista ou fornecedores).
Ao lançar o aplicativo, o empreendedor fez uma aposta. Pensando nos resultados que a ferramenta pode trazer futuramente, Maximus se adiantou para atender o público jovem, que será os consumidores de amanhã.
"Em 2014, a média de idade com que as pessoas se casavam era 24 anos. O público que está saindo da faculdade é completamente informatizado. A maneira que esse público tem de se relacionar com marcas e serviços é bastante diferente e eu confio muito nesse gap. Quando essas pessoas estiverem com seu poder de consumo adquirido, elas vão consumir de maneira diferente, e as empresas têm que estar atentas para aproveitar isso. Estamos nos adiantando porque o aplicativo, daqui a alguns anos, vai chegar a maioria das pessoas. O futuro fos negócios vai ser esse, temos que investir em automação tecnológica".
Prepare o bolso
Um aplicativo é um software. Isso quer dizer que ele apresenta as mesmas dificuldades e os mesmos desafios que construir um sistema personalizado.
"Como todo software, é preciso pensar no projeto de construção e no processo de evolução. Isso quer dizer que o aplicativo terá manutenções, que vão garantir as correções, melhorias e atualizações necessárias para acompanhar a evolução, que engloba variações, como dispositivos e sistemas operacionais".
E assim como no mercado de software, os valores cobrados pelo desenvolvimento de um aplicativo personalizado variam de acordo com o escopo de cada projeto. Mas uma coisa é certa, esses não são baixos.
De acordo com Moreira, um aplicativo de celular de pequeno porte consome de 150 a 500 horas para ser desenvolvido e tem o custo aproximado entre R$ 25 mil a R$ 80 mil. Aplicativos mais complexos podem custar entre R$ 150 mil a R$ 300 mil. Os valores mensais para manutenção envolvem a hospedagem, que costuma ser paga em dólares nos melhores servidores, e a evolução do aplicativo.
"Se você terceirizou o desenvolvimento, pagará pelas horas mensais aplicadas ao projeto – isso pode custar entre R$ 500 até R$ 30 mil por mês, depende da complexidade do projeto", conta.
O desenvolvimento de um aplicativo na Mobile2You pode variar de 1 a 6 meses e tem o valor de R$ 150 por hora. Já a manutenção e evolução contínua da plataforma criada pode variar entre R$ 1,2 mil e R$ 6 mil por mês.
"Gastamos mais de R$ 30 mil no desenvolvimento do nosso aplicativo, e o download do Bem Casados ainda não pagou os custos dessa produção. Existe uma linha tênua em ser visionário e jogar dinheiro fora. O investimento é alto, então é preciso estudar para entender melhor como é ter um blog e uma fanpage, e como funciona a interação nas redes sociais para ter certeza de que um aplicativo é necessário para o seu tipo de negócio e como essa ferremanta pode ser explorada para criar vínculo com o usuário".