A Japas Cervejaria surgiu como uma brincadeira entre amigas e acabou se tornando um negócio inovador com potencial para ganhar grande espaço no mercado. O grupo é formado por quatro cervejeiras com experiência no ramo: Maíra Kimura, beer sommelière e dona da cervejaria 2 Cabeças, Fernanda Ueno, “mestra" cervejeira da Colorado, uma das marcas mais tradicionais de Ribeirão Preto, Carolina Okubo, responsável pelo controle de qualidade da cervejaria dentro da fábrica da Invicta, em Ribeirão, e Yumi Shimada, sommelière, publicitária, além de designer e ilustradora de rótulos do mercado.

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Bruno Fuji
As "japas cervejeiras" Yumi Shimada, Fernanda Ueno, Maíra Kimura e Carolina Okubo

Foi a paixão pela cerveja que as uniu. Todas se conheceram em eventos de cerveja e de brincadeira começaram a se autointitular “japas cervejeiras”. Como sempre tiveram vontade de trabalhar em um projeto juntas, as meninas passaram a se reunir para fazer testes e procurar parceiros. Durante esse processo tiveram a grande ideia de criar uma cerveja caseira com wasabi, um tempero em pasta muito utilizado na culinária japonesa.

“A escolha do wasabi para nossa primeira cerveja se deveu ao fato de que é um ingrediente já bastante conhecido dos brasileiros, e causa bastante curiosidade nas pessoas essa mistura inusitada de cerveja com wasabi. O desafio era fazer uma cerveja na qual o gosto do wasabi fosse sentido, mas que não fosse muito agressiva ao paladar.”

A criação deu tão certo que as meninas resolveram procurar uma maneira de produzi-la comercialmente. Em dezembro de 2014, o grupo se reuniu a convite da Cervejaria Nacional para fazer a primeira brasagem comercial do produto, e em janeiro lançaram a Wasabiru. O próximo passo foi fechar parceria com a Cervejaria Invicta, de Ribeirão Preto, onde será fabricada toda a linha da Japas.

“Por enquanto, todas as nossas primeiras cervejas de linha terão ingredientes japoneses, estudamos qual a melhor forma de usá-los e também pensamos em amarrar as receitas com o conceito japonês.”

A marca surgiu não apenas para fabricar cerveja, mas também para homenagear os antepassados de suas criadoras e celebrar a conexão entre Brasil e Japão.

“A Japas Cervejaria quer trazer elementos da cultura e culinária japonesas para usar em cervejas. Muitos desses elementos já são conhecidos do público brasileiro, que tem verdadeira paixão por comida e cultura japonesa; mas também temos feito pesquisas com outros ingredientes e técnicas para trazer inovação de sabores para o mercado. Queremos unir as duas culturas e transformar em um produto inovador.” 

Ao contrário do que alguns podem pensar, o fato de a Japas ser uma marca feminina não foi um fator que comprometeu a inserção do negócio no mercado. Pelo contrário. Elas acreditam que o fato de serem mulheres, somado ao fato de serem descendentes de japoneses e já terem trabalhado nesse setor, só contribuiu para que elas fossem bem recebidas pelo mercado e pelos clientes, ainda que estes se surpreendam com a novidade. 

“Quem não conhece e toma a cerveja, às vezes fica surpreso porque acha que a gente trabalha só servindo o chope. Depois que descobrem [que somos as produtoras] alguns elogiam, outros tentam dar em cima, ou para descolar um desconto ou uma cerveja de graça, mas preferimos não focar nisso.”

Maíra, Fernanda, Carolina e Yumi preferem focar no futuro do empreendimento. Aos poucos elas vão gerando confiança no mercado. “Por enquanto fizemos alguns pequenos eventos, também participamos de alguns, e já estivemos com nosso chope nos principais bares de cada cidade das meninas. Nossos planos são expandir de chope para também garrafas, mais receitas, mais eventos e, lógico, cada vez ganhar mais experiência e sabedoria para tomar as prateleiras desse mercado", explica Yumi. 

Para quem se sentiu inspirado pela história das japas cervejeiras e ficou com vontade de abrir seu próprio negócio, aqui vai uma dica, das próprias meninas. 

“A primeira coisa é ter calma. Tudo vem naturalmente, se você se esforça e realmente gosta e acredita no que faz, automaticamente você foca nos seus objetivos e abre as portas do mercado desejado. A fase da insegurança passa, o mais importante é que só você sabe o que é o melhor para você, e se seu desejo for se tornar empreendedora, você já está no caminho certo, porque foi você quem se decidiu, não foi pela moda, não foi por influência de ninguém, mas pelo seu amor pelo que você faz.”

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