Em dezembro, os tradicionais presentes para os familiares, viagens, gastos com férias e outras dívidas além do que foi planejado, somado aos custos fixos do mês de janeiro, como o IPVA e IPTU, podem desequilibrar o orçamento dos brasileiros. Em muitos casos, o sufoco é tanto que as dívidas com cartão de crédito e cheque especial são deixadas de lado e acabam se tornando as grandes vilãs no início do ano. 

Dados apurados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostram que apesar de o novo ser novo, alguns dos objetivos financeiros para 2020 já são velhos conhecidos do consumidor. Pelo segundo ano seguido, guardar dinheiro figura como a principal meta financeira do brasileiro para este ano.

“Apesar de os brasileiros continuarem sentindo os efeitos de um ambiente econômico que ainda patina, a maioria ainda traça planos para o ano que se inicia. É importante adotar uma postura mais preventiva, que deve vir acompanhada de preparo e de metas para que se possa atingir os objetivos sem se perder no controle das contas”, destaca a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

Identificar e controlar os custos não é uma tarefa tão simples. É preciso disciplina e método. O iG conversou com consultores financeiros e s elecionou 6 dicas para ajudar no equilíbrio das finanças no início de 2020.

Alternativa para evitar nome negativado é buscar empréstimos com juros menores que o cheque especial ou o rotativo do cartão, por exemplo
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Alternativa para evitar nome negativado é buscar empréstimos com juros menores que o cheque especial ou o rotativo do cartão, por exemplo


1) Parcele os débitos do cartão de crédito e do cheque especial

O educador financeiro Silvio Azevedo diz que para as pessoas que estão endividadas com cartões de crédito ou entraram no cheque especial, a dica é não deixar virar uma bola de neve. 

“Você deve se antecipar ao problema e buscar um parcelamento da dívida com a instituição. Com o débito parcelado, a pessoa deve recorrer ao seu banco para pedir um empréstimo e entender as condições dos juros. Há também outras opções de financeiras que disponibilizam empréstimos a juros mais em conta. Essa é uma boa saída porque você troca os juros de 14% ao mês por um de 3%”, alerta. 

Segundo levantamento feito pelo Bom Pra Crédito, um marketplace de crédito online, a demanda por empréstimos no primeiro trimestre de cada ano costuma ser 20% maior que a média dos três trimestres anteriores.

"É muito comum que a demanda por empréstimo cresça nesse período do ano, mas as pessoas precisam se educar financeiramente para controlar os gastos excessivos e ter um planejamento financeiro alinhado pode fazer toda diferença nesse momento" comenta Felipe Lemos, diretor de crédito e CRO da empresa. 

2) É hora de elencar as prioridades

Um dos maiores problemas dos gastos com compras excessivas é a perda de controle por falta de organização. Silvio aponta que os que gastaram mais do que deviam no fim do ano vão precisar r egular o orçamento no início do ano e trocar gastos com lazer até que as dívidas sejam quitadas. “Se gastou demais e não estabelecer critérios, vai passar o carnaval no vermelho” , diz.  

Felipe Lemos complementa ainda que é o momento de ganhar fôlego para os próximos meses. “Deixar de fazer coisas mais supérfluas para que você tenha dinheiro para quitar tudo todas as dívidas e equilibrar as contas. Talvez você não precise abdicar de tudo, mas pode trocar por algo mais barato”, analisa. 

O analista de crédito exemplifica a troca de postura com a mudança de uma academia mais cara para uma mais em conta, por exemplo. Ou até trocar por exercício ao ar livre e gratuito, caso o valor pese no seu bolso. “Se gosta muito de filmes, pode assinar um streaming e evitar algumas idas ao cinema enquanto não está com muito dinheiro”, diz.

Para Sílvio, antes de qualquer compra a dica é sempre se perguntar se ela é necessária
Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Para Sílvio, antes de qualquer compra a dica é sempre se perguntar se ela é necessária


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3) Controle as compras por impulso 

Em momentos de tristeza ou dias estressantes, existe uma tendência para que as pessoas comprem por impulso, uma vez que isso proporciona um prazer imediato. Embora provoque uma sensação de bem-estar, em pouco tempo o tal sentimento pode se transformar em dor de cabeça, especialmente se os primeiros sinais de que está no vermelho surgirem.

Para Sílvio, antes de qualquer compra a dica é sempre se perguntar se ela é necessária. Em muitas situações, as pessoas acabam comprando apenas por impulso, sem consultar outros locais de venda e sem realmente precisar da aquisição. 

“Se a compra for necessária, compre. Se não for, evite. Mas, mesmo assim, se você quiser muito o produto ou o serviço, responda a duas perguntas. Uma delas é se você pode pagar à vista e a outra é se foi uma compra planejada. Se a resposta for sim para as duas questões, o orçamento não fica comprometido. Mas, se for não, fuja do parcelamento em muitas vezes e compre em outro momento”, explica o consultor financeiro. 

4) Aproveite o descontrole e comece a conhecer seus gastos

Ter controle financeiro pessoal é a forma mais básica de cuidar do seu dinheiro. É assim que você conhece exatamente a sua renda , os seus gastos e o que pode ser melhorado para sobrar mais dinheiro no fim do mês.

É preciso conhecer a sua realidade financeira, ou seja, descobrir o quanto você ganha e gasta por mês, incluindo os valores pagos em juros, empréstimos e contas. Segundo Felipe Lemos, para fazer isso, é preciso montar um orçamento pessoal ou familiar.

Muitos aplicativos podem ajudar no momento da organização financeira
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Muitos aplicativos podem ajudar no momento da organização financeira

"Existem diversos aplicativos e planilhas que podem ajudar o consumidor a organizar sua vida  financeira, o importante é ter isso bem estruturado para ver quais caminhos deve seguir", explica Felipe.

A dica do consultor Silvio é utilizar a tecnologia ao seu favor. Ele explica que existem vários aplicativos que funcionam como guias das finanças. “Alguns conseguem até puxar os seus custos da sua conta bancária para filtrar com o que você mais gasta ou se você está com alguma restrição no SPC. É uma forma de identificar os gargalos financeiros para garantir o equilíbrio das contas”, propõe. 

5) Busque aumentar sua renda 

Aumentar a renda é sempre uma alternativa interessante. Se possível faça horas extras, arrume um bico ou venda algo de valor que não seja mais de seu uso.

"A soma destas ações tem pequeno impacto na qualidade de vida mas um grande poder para controlar suas finanças. Reduzir os juros, cortar pequenos gastos do dia-a-dia, deixar de comprar por um tempo e uma renda extra somadas vão garantir que o consumidor tire este momento de letra", finaliza Felipe.

6) Criar uma reserva mensal para emergências

O percentual de famílias com dívidas em cartão de crédito, cheque especial,  cheque pré-datado, crédito consignado, crédito pessoal, carnê de loja, prestação de carro e prestação da casa aumentou em dezembro de 2019, alcançando 65,6%. 

É o maior patamar da série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) , feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) desde janeiro de 2010. O resultado divulgado nesta quinta-feira (9) é maior do que os 65,1% observados em novembro e superior aos 59,8% registrados em dezembro de 2018.

Para fugir do vermelho e ter sempre uma reserva de emergência no caso de alguma situação que necessite dinheiro, é preciso guardar. “Você pode utilizar esse dinheiro da forma que achar melhor. Pode ser em viagens, programas de fim de ano ou até para comprar um bem material”, diz Silvio. 

O consultor explica que não há uma regra do quanto guardar porque isso depende de cada situação e do quanto uma pessoa consegue abrir mão de parte dos recursos. Mas, ele estima que poupar 8% do salário é uma boa alternativa para a reserva mensal. “Por exemplo, se uma pessoa ganha R$ 5 mil reais por mês, e consegue retirar esses 8% desde janeiro até dezembro, no último mês do ano, ela vai ter praticamente um outro salário. Isso também acontece com quem ganha R$ 1000. A conta é a mesma. É como se fosse um décimo terceiro forçado”, analisa. 

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