O resultado consolidado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2017 indicou o menor nível de inflação no Brasil em 19 anos. Entre janeiro e dezembro, o indicador ficou em 2,95%, abaixo da meta de 4,5% estabelecida pelo governo. O resultado aponta que os preços cresceram menos que o esperado. No entanto, muitos consumidores afirmam terem percebido uma inflação maior do que a oficial. Afinal, por que isso acontece?
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De acordo com o planejador patrimonial do Grupo GGR, Fernando Marcondes, a sensação dos consumidores sobre a inflação pode ser bem diferente dos dados oficiais. ”É muito comum ouvirmos que 'trabalho mais do que meus pais trabalhavam, ganho mais, mas mesmo assim não consigo manter o mesmo nível de vida que eles tinham 30 ou 40 anos atrás'”, afirma.
Segundo ele, isso acontece não porque ganhamos menos do que nossos pais e avôs, mas, sim, porque estamos perdendo o poder de compra sem sequer percebermos. Marcondes ressalta que cada consumidor tem uma inflação pessoal a ser observada, ou seja, cada cidadão tem um custo de vida que sobe progressivamente e é necessário notar se os salários estão aumentando na mesma proporção.
"De modo geral, a mensalidade da escola de um filho, o plano de saúde e alimentação sempre possuem um reajuste muito maior do que a inflação oficial, e são gastos altos que ocupam boa parte do orçamento familiar. Portanto, quase sempre, a nossa inflação [aquela, que é pessoal] será muito maior do que o IPCA", explica.
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Nesse cenário, o planejador avalia que é necessário um esforço muito maior para conseguir comprar daqui 10 anos exatamente as mesmas coisas que compramos atualmente – ou até mesmo para comprar mais.
Como fazer o diagnóstico?
Analise o que é possível comprar com o seu salário atual hoje e com todas as economias que você tem no banco. Se daqui 10 anos, você ainda conseguir adquirir os mesmos itens, seu patrimônio foi protegido contra a inflação.
Segundo Marcondes, para manter o poder de compra é preciso buscar atingir três objetivos principais: aumentar o quanto você ganha com a maior frequência possível, aumentar o valor que você consegue guardar e, principalmente, rentabilizar da melhor forma o seu dinheiro guardado.
O especialista afirma que os dois primeiros objetivos podem ser alcançados sozinho, com conversas sobre aumento salarial com seu chefe e com maior disciplina para poupar dinheiro, por exemplo. No terceiro caso, porém, ele recomenda a ajuda de profissionais especializados.
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"Se partirmos do pressuposto de que sua inflação pessoal é na média superior a 15 - 20% ao ano, você precisa ter como meta dobrar o seu patrimônio a cada quatro anos. Se hoje o investidor tem R$ 100 mil guardados, daqui 48 meses ele terá que ter próximo de R$ 200 mil. Com isso, garante que seu patrimônio não desvalorize, além de obter um ganho financeiro considerável”, explica.