A decisão do presidente americano Donald Trump de permitir vendas de equipamentos tecnológicos para a gigante chinesa Huawei , como anunciou no encontro do G-20, no Japão, só se aplicará a produtos largamente disponíveis em todo o mundo, deixando os equipamentos mais sensíveis de fora dessa permissão, disse um alto assessor da Casa Branca neste domingo.
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“Tudo o que vai acontecer é que o (Departamento) de Comércio vai conceder algumas licenças adicionais onde houver ampla disponibilidade” de componentes que a empresa necessitar, disse Larry Kudlow, presidente do Conselho Nacional de Economia dos EUA para a Fox News neste domingo.
As fabricantes americanas de microchips em particular “estão vendendo produtos que estão largamente disponíveis em outros países... Isso não é anistia total... As preocupações relativas à segurança nacional continuará a ser primordiais”, complementou ele.
A suspensão parcial de restrições à Huawei foi um dos elementos chaves do acordo alcançado neste fim de semana entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping, para reabrir as negociações que estavam emperradas entre os dois países.
A decisão gerou críticas de senadores democratas e republicanos nos Estados Unidos, que temem que, pelo fato de a Huawei ter forte ligação com as agências de inteligência da China, a empresa possa se beneficiar na distribuição global de sua tecnologia.
“Haverá muita resistência se for uma grande concessão” para a Huawei, disse a senadora republicana Lindsay Graham, da Carolina do Sul, no “Meet the Press”, programa dominical de TV da NBC .
A Huawei, maior fabricante mundial de equipamentos para telecomunicações e a segunda em smartphones, nega que seus produtos representem ameaça à segurança, e vem lutando na Justiça desde que o governo americano colocou a companhia em uma lista negra para exportação, no mês passado.
Kudlow já disse que o acordo deste fim de semana “não é a última palavra”.
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Efeito nos mercados
Muitos já aguardam manifestações de alívio nesta segunda-feira depois que Estados Unidos e China declararam ter chegado a uma trégua na guerra comercial travada entre as duas maiores economias globais. Na Ásia, o setor que registra o maior alívio é o de ações de tecnologia.
A decisão Trump vai impulsionar o mercado de ações de empresas fabricantes de semicondutores na medida em que as preocupações com a demanda por chips de memória se arrefecem.
As ações dos fabricantes de chips estão engolidas pelos conflitos comerciais entre EUA e China há mais de um ano. A decisão de Trump de restringir a venda de equipamentos de empresas americanas para a Huawei, em maio último, aumentou a preocupação no setor. A volatilidade desses papeis saltou cerca de 300% desde o início da disputa.
“A suspensão de uma barreira às vendas de produtos tecnológicos para companhias chinesas foi um passo além das expectativas e a reação do mercado na segunda-feira deverá ser positiva”, disse Kerry Craig, estrategista em mercado global do JP Morgan Asset Management.
A Samsung — maior fabricante de chips do mundo — e a SK Hynix, que são fornecedoras tanto da Huawei quanto de companhias americanas, podem ver seus papeis subirem na segunda-feira e, por sua vez, impulsionarem o índice Kospi, da Coreia do Sul. As ações de tecnologia do Japão e o índice Taiex, de Taiwan, também podem avançar.
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De outro lado, o limite de chips importados imposto à Huawei , que ajudou impulsionar o mercado doméstico de fabricantes chineses no mês passado pode cair, atingindo grupos como Unigroup Gruoxin, Ingenic Semiconductor e outros.