O que começou com uma loja na rua Oscar Freire, em São Paulo, acaba de se tornar a quarta maior empresa de cosméticos do mundo. Depois de oficializar a compra da norte-americana Avon
por US$ 3,7 bilhões, a Natura – oficialmente Natura Holding – está avaliada em US$ 11 bilhões e agora prevê um faturamento anual de mais de US$ 10 bilhões quando o negócio for concluído, em 2020.
Fundada por Luiz Seabra em 1969, a marca que se popularizou pelo modelo de negócios por venda direta o adotaria – com sucesso – cinco anos mais tarde, em 1974. A partir daí, a entrada no mercado internacional foi questão de tempo: menos de dez anos mais tarde, em 1982, a Natura faria sua primeira incursão fora do Brasil, por meio de um distribuidor local no Chile. Em 1992, foi a vez de Argentina e Peru abraçarem a brasileira.
Já no século 21, a empresa deu os passos mais importantes para se transformar no que é hoje. Tudo começou em 2001, com a inauguração de um centro integrado de pesquisa, produção e distribuição de cosméticos, o mais avançado da América do Sul, em Cajamar (SP). Depois, vieram a abertura do capital na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), a inauguração de uma loja em Paris e o início da produção no exterior, mais especificamente na Argentina, na Colômbia e no México.
À essa altura, o modelo por venda direta já não comportava o tamanho da empresa. É por isso que, em 2012, surgiu o e-commerce Rede Natura, que alcançaria todo o território nacional mais o Chile apenas três anos mais tarde. Foi mais ou menos nesta época que a Natura começou a inaugurar lojas físicas em todo o Brasil, além da primeira unidade em Nova York , retomando o modelo de negócios adotado na rua Oscar Freire.
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A primeira grande aquisição aconteceria em 2017. Neste ano, nasceu o Natura & Co., grupo criado após a fusão da Natura com as empresas Aesop (comprada em 2012) e The Body Shop , sendo esta última a pioneira do movimento contra o fim dos testes em animais também endossado pela marca brasileira. Depois disso, bastaram dois anos para que o antigo namoro entre Natura e Avon, sua maior concorrente no Brasil, virasse casamento: nasceu, então, a Natura Holding.
Números
Em 2018, ainda como Natura & Co., a empresa brasileira registrou lucro líquido de R$ 548,38 milhões, uma queda de quase 25% em relação ao ano anterior (R$ 724,18 milhões). A receita líquida, porém, cresceu 35,9% no período, chegando a R$ 13,397 bilhões. O Ebitda , sigla em inglês para lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização de dívidas, teve alta de 3,32% e foi a R$ 1,846 bilhão.
A partir de agora, como Natura Holding , a empresa espera recuperar sua rentabilidade no médio prazo e, paralelamente, acelerar o processo de internacionalização iniciado ainda em 1982. A expectativa é de que o lucro esperado com o acordo com a Avon, de US$ 150 milhões a US$ 250 milhões, seja alcançado em até 36 meses após a conclusão da operação, prevista para o início do ano que vem.