Em época de economia compartilhada, uma nova forma de trabalho está sendo testada na Unilever Brasil: o job sharing (cargo compartilhado). Desde abril, Carolina Mazziero e Liana Fecarotta começaram a compartilhar a diretoria da área de Recursos Humanos para Liderança e Desenvolvimento e, com isto passam a trabalhar apenas três dias na semana.
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Este modelo já acontece em outras operações da Unilever , e no Brasil a ideia surgiu de uma conversa entre Carolina e Liana. "Estávamos passando por um momento na vida pessoal em que gostaríamos de ter mais tempo para nos dedicarmos a nossos filhos e aos estudos", explicaram elas.
Carolina estava prestes a voltar de licença-maternidade do segundo filho (ela já tem um menino de 4 anos) e Liana tem dois filhos, de 5 e 2 anos. "Começamos a imaginar como seria dividir a mesma função na Unilever e trabalhar três vezes por semana. Já havíamos tido contato com profissionais da companhia de outros países que trabalhavam desta maneira e sabíamos que era possível", lembra Carolina.
Vantagem para ambos os lados
As duas levaram a ideia para Luciana Paganato, vice-presidente de Recursos Humanos da empresa, que recebeu a sugestão muito bem. "Foi uma conjunção da nossa necessidade pessoal com a vontade da companhia de evoluir em novos formatos de trabalho", conta Liana.
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Durante dois dias da semana, ambas estão no escritório participando de reuniões presenciais, para manter a conexão olho no olho. Elas acreditam que o job sharing traz vantagens para ambos lados. Os funcionários ganham flexibilidade para acomodar demandas pessoais, e a companhia ganha produtividade e inovação.
Como é a primeira vez que a Unilever Brasil experimenta este formato, tudo ainda é muito novo. Mas a intenção da companhia é oferecer esta possibilidade para outros funcionários. Depois que esse projeto terminar, passará por uma avaliação e poderá ser levado para outras áreas.
Ocupantes precisam estar alinhados
Jacqueline Resch, consultora e sócia da Resch Recursos Humanos, explica que há uma tendência mundial de criação de novos modelos de trabalho , especialmente aqueles que permitem mais flexibilidade, agilidade, diversidade das equipes e compartilhamento de conhecimentos.
"Os horários flexíveis e o home office são práticas mais conhecidas e utilizadas do que o j ob sharing . Um estudo da SHRM apontou que, entre as organizações que têm programas formais relacionados a arranjos mais flexíveis, somente 8% têm um programa formal de job sharing", afirma.
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Para a empresa, ela defende que, neste formato, é preciso que os dois ocupantes do cargo estejam muito bem alinhados. "A bola ficar dividida pode gerar confusão na empresa e impacto no clima e na produtividade", adverte.