Shopping Pátio Higienópolis quer retirar crianças e adolescentes de rua de dentro de suas dependências
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Shopping Pátio Higienópolis quer retirar crianças e adolescentes de rua de dentro de suas dependências


O Shopping Pátio Higienópolis, localizado no bairro nobre de mesmo nome em São Paulo, entrou com um pedido na Justiça para apreender crianças e adolescentes de rua que estejam dentro de suas dependências. As informações foram reveladas pelo jornal O Globo nesta sexta-feira (22).

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De acordo com a publicação, o  Pátio Higienópolis pediu para que seus seguranças sejam autorizados a apreender crianças e adolescentes desacompanhados, principalmente os que estiverem em situação de rua, que são acusados de ""atos de vandalismo, depredação, agressão, furtos e intimidação de frequentadores." Depois de apreendidos, eles seriam entregues à Polícia Militar.

Além do pedido para apreender os menores em situação de rua , o shopping também fez um apelo para que o Conselho Tutelar inspecionasse periodicamente o local. Assim, eles poderiam cuidar daquelas crianças e o Pátio Higienópolis ficaria livre do problema.

O shopping também pedia, além da ênfase em crianças de rua , para que tivesse autorização de prender quaisquer menores que não estivesem na companhia de responsáveis e que praticassem ações que poderiam incomodar os clientes do local, como pedindo esmola ou mesmo caminhando em sentido contrário da escada rolante.

O pedido foi negado pela juíza Monica Arnoni, da Vara da Infância e Juventude. Segundo ela, ações prévias não são necessárias, já que qualquer atitude que infrinja a lei tomada por crianças e adolescentes pode ser punida seguindo as normas do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

A juíza também afirmou que o shopping deseja "um salvo-conduto para efetivar no estabelecimento uma genuína higiene social". De acordo com ela, apesar de ser um local privado, o shopping é aberto ao público e, por isso, deve permitir a circulação de qualquer pessoa "sem qualquer tipo de segregação ou preconceito".

Arnoni disse, ainda, que a atitude parece querer ocultar o incômodo que essas crianças causam para os clientes do Pátio Higienópolis e ressaltou que a empresa tem capacidade econômica para criar programas de auxílio aos que "não se enquadram no desejável público de frequentadores do empreendimento".

Resposta do Pátio Higienópolis

Shopping Pátio Higienópolis diz que vai recorrer de decisão da juíza, que negou pedido para que o local apreenda menores
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Shopping Pátio Higienópolis diz que vai recorrer de decisão da juíza, que negou pedido para que o local apreenda menores


Como resposta, o advogado que representa o local, Daniel Bialski, disse que irá recorrer. "Vamos recorrer a todos os canais competentes, ao Tribunal de Justiça e aos órgãos correicionais. Essas crianças e adolescentes causam um transtorno e insegurança enorme aos frequentadores. Queremos evitar ocorrências. O shopping é frequentado por moradores do bairro, que vem a pé e se sentem intimidados", afirmou.

Apesar da declaração, ele reiterou que não há qualquer tipo de preconceito ou segregação por raça, cor, religião ou qualquer outro tipo de discriminação e que a intenção do shopping é apenas alertar o poder público de um problema, além de evitar transtornos para seus frequentadores e seguranças, que podem precisar agir.

"O problema é quando as crianças ficam fazendo arruaça. Infelizmente pegamos um juíz com uma cabeça diferente. O que queremos é evitar problemas. Se tiver ocorrência dentro do shopping o poder público não vai se responsabilizar. O responsável será o shopping. Se infringirem a ordem (os seguranças) vão agir, e com todo o direito", disse.

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Bialski também declaro que o shopping é aberto ao público, mas que espera que seus frequentadores tenham "civilidade".

Região tem histórico de polêmicas

Campanha
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Campanha "Me devolva Higienópolis" tomou as redes sociais; além de situação com Shopping Pátio Higienópolis, bairro tem histórico de polêmicas



Além da polêmica que agora envolve o Shopping Pátio Higienópolis , o bairro nobre de São Paulo já protagonizou outras situações que viraram escândalos. Em uma delas, moradores se mobilizaram para promover uma "limpeza" no local, com a intenção de remover a população de rua que ficava no local. Na internet, a campanha se chamava "Me devolva Higienópolis".  Uma segunda polêmica aconteceu quando moradores da área se colocaram contra a instalação de uma estação de metrô no local, já que ela atrairia "gente diferenciada" para o bairro.

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