
Chegar aos 60 anos é, para muitos, um marco cronológico. Para mim, é o momento de abrir uma safra rara — cuidadosamente envelhecida desde 1965. Uma garrafa simbólica, que representa minha própria trajetória. E ao redor dela, 59 rolhas. Cada uma carregando a memória de um ano vivido com intensidade, coragem, e uma pitada de ousadia.
Sim, meu hobby nunca foi acumular garrafas. O que me encanta é colecionar rolhas — pequenos monumentos silenciosos que selam momentos, decisões e transformações. Cada rolha é um lembrete de que um ciclo foi iniciado, vivido e concluído. É a evidência de que não deixei o tempo passar: eu degustei cada gota.
Agora, na iminência de abrir a rolha número 60 — a safra especial de 1965 — sinto que esta garrafa esteve em repouso o tempo suficiente. Está na hora de saborear sua maturidade, com todos os taninos que o tempo me ofereceu: a paciência das perdas, o corpo das conquistas, a acidez dos recomeços e a doçura dos propósitos cumpridos.
Mais do que o vinho, foi a jornada que se refinou. Mais do que a idade, é a intensidade com que vivi cada capítulo da minha história.
Hoje, vejo o valor do meu patrimônio intangível ser registrado em balanço: R$ 78 milhões pela marca BELLINO. E, em breve, mais R$ 62 milhões ao integralizar a metodologia que me define como DEALMAKER. Mas nenhuma dessas cifras supera o valor simbólico das 59 rolhas que guardo como troféus da minha Scuola di Vita.
Se o tempo é o novo milhão, então a vida bem vivida é um rótulo vintage — raro, memorável e inimitável.
E aqui estou eu, pronto para puxar a 60ª rolha.
Porque viver, afinal, é isso:
Colecionar rolhas.
E brindar o agora.