Em julho o mercado fica um pouco menos otimista com a inflação
Ivonete Dainese
Em julho o mercado fica um pouco menos otimista com a inflação


Na coluna anterior,  mostrei que os erros nas projeções para o PIB em dezembro do ano anterior ao projetado no Relatório Focus estavam equilibrados entre números positivos e negativos. Mas quando considerávamos as projeções feitas em julho do mesmo ano que o projetado, o erro foi negativo em três a cada quatro vezes. Ao final do texto, questionei se o mesmo ocorreria com as projeções para a taxa de inflação. Conforme prometido, vamos aos dados!

Realizei uma análise semelhante à expressa na coluna passada: projeções realizadas em dezembro do ano anterior ao projetado e em julho do ano projetado. No gráfico abaixo, podemos ver uma dispersão entre a taxa de inflação observada e projetada em dezembro (ambas em pontos percentuais). A linha vermelha é uma referência para termos em mente: ela indica o que aconteceria se as projeções coincidissem com os valores observados.

Focus: Projeção vs Realizado (IPCA)
Gráfico 1
Focus: Projeção vs Realizado (IPCA)


Diferentemente do caso com as taxas de crescimento, aqui podemos ver que, sistematicamente, as projeções em dezembro costumam subestimar o ocorrido no ano (com poucas exceções no outro campo ou coincidindo realizado e projetado). Será que isso costuma se alterar em julho? Sim! O gráfico abaixo possui uma distribuição de erros muito mais equilibrada:

Gráfico 2
Reprodução
Gráfico 2


Para finalizar a análise, assim como no texto da coluna anterior, verifiquemos o comportamento da distribuição acumulada dos erros:

Gráfico 3
Reprodução
Gráfico 3


Em média, aproximadamente três em cada quatro projeções realizadas no ano anterior ao projetado são “otimistas”, ao passo que em julho estamos em algo como 62,5%.

A mesma ressalva da análise para o crescimento econômico se aplica ao caso da taxa de inflação. No texto passado, eu escrevi: “[v]ale ressaltar que a amostra de projeções anuais ainda é pequena e todo cuidado deve ser tomado ao analisarmos (e extrapolarmos) esses resultados.”

De qualquer forma, é um exercício interessante, mais um que corrobora com a minha expectativa de que a taxa de inflação fique acima das projeções medianas, que  hoje estão na casa de 4% para 2024. Acompanhemos.

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