A Barra Funda é cada vez mais surpreendente. Andando ali pela Barra Funda de cima chego a Rua Elisa, uma pequena travessa onde morava o Bruno Covas. Parece uma praia, gente de todo tipo por ali, na frente de um sobradinho sem identificação. Encontrei "A Baianeira", misto de restaurante e muvuca. O que faz aquelas 100 pessoas ficarem por ali num dos sábados mais quentes (35°C) do ano? Uma das melhores e mais saborosas cozinhas de São Paulo, com pratos simples com execução majestosa.
Quem chegou sábado, às 14h, teria que encarar 1h e meia de fila, o que aceitavam tranquilamente. Afinal, a comida é fora da curva.
Baiana + mineira = Baianeira
Quem diria que a comida do vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais sofridas do Brasil , chegaria aos píncaros da glória? A chef é de Almenara, vizinha a Itaobim, onde nasceu minha esposa, que também cozinha demais. Mas aqui a rainha é Manuelle Ferraz, que vi de relance, posto que estava onde os grandes chefes costumam estar: na cozinha comandando sua Brigada.
No seu sobradinho, ele seguiu (não sei se sabendo ou não) a preceito de Tolstói “se queres ser universal, então começa pintando a tua aldeia”.
E que pintura, pão de queijo (aberto ao meio) com um simples ovo com gema mole, sobre um naco de carne de panela. Você consegue pensar em coisa mais simples e genial?
Pois é feito pela Manu, atinge um patamar de simplicidade e sabores inéditos. E que lhe conferiram um BIB.
Que eu acho que quer dizer gostoso pracaraio e com preço barato.
Um capítulo à parte é o serviço. Merecem a Medalha Tamandaré por seus serviços muito além das obrigações. E que bom humor e energia!
O sobradinho se abre para o público de terça a sábado - só para o almoço. Quer saber mais sobre o funcionamento? Vá de Google, eu me recuso a esse papel de bedel.
Experimente as sobremesas, são fantásticas, especialmente a mousse de cupuaçu com ganache de chocolate do vale do jequi meio amargo.
Acho que esqueci alguma coisa, é que exagerei no Goro de Mainha e perdi o rumo. Vá lá e comente, não vale a pena?