Olá, gravateiros e gravateiras. O dólar vem disparando há várias semanas e já ultrapassou a barreira emblemática dos R$ 4,00. O que está acontecendo? De quem é a culpa? Como fica a tão sonhada viagem para a Disney? Calma! Vamos entender os fatos que envolvem a eleição no Brasil e a gestão do presidente “doidão” Donald Trump.

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O cenário internacional tem se mostrado mais turbulento nos últimos meses por conta de uma série de fatores envolvendo os Estados Unidos. Um deles é um superaquecimento da economia americana, que pode levar o Banco Central (Federal Reserve) a subir os juros num ritmo maior do que os analistas estavam prevendo. Juros mais altos lá fora atraem recursos para a maior economia do planeta, encarecendo o dólar no mundo inteiro, inclusive no Brasil.

Além disso, o presidente “doidão” está louco para arrumar guerras comerciais – a que mais preocupa é com a China. Isso tem o poder de desestabilizar a ordem econômica mundial. A mais recente vítima de Trump é a Turquia, que sofreu uma sobretaxa cavalar no aço e no alumínio. A lira (moeda turca) se desvalorizou mais de 40%, gerando uma onda de desconfiança em relação aos principais países emergentes. A nossa vizinha, a Argentina, vem apanhando por conta destes reflexos da Turquia enquanto o Brasil, felizmente, está relativamente blindado por suas reservas internacionais, que chegam a US$ 380 bilhões.

Eleições

Não bastasse esse cenário internacional, que tende a valorizar o dólar no mundo inteiro, o Brasil vem apresentando muita incerteza no seu jogo eleitoral. Quem vai vencer? A esquerda, a direita ou o centro? Para os investidores, a pergunta é ainda mais específica: será eleita uma agenda reformista ou uma agenda populista?

De forma bem resumida, uma agenda populista é aquela que defende mais gastos públicos para resolver os problemas econômicos. Na teoria, dá certo. O governo gasta mais, gera emprego, aumenta a renda, fomenta o consumo e a economia voltar a girar. Na prática, o País está quebrado. Não há dinheiro nem para obras públicas de infraestrutura, que seriam essenciais para o Brasil. Na minha avaliação (sem paixões partidárias), essa agenda não funcionaria agora.

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A agenda reformista prevê um Estado mais enxuto através de privatizações e concessões, além de reformas polêmicas, como a da Previdência Social. Eu, particularmente, acredito nesta agenda reformista, embora faça questão de estimular o debate sobre a melhor forma de implementá-la. Exemplo: diante do envelhecimento da população brasileira, nós precisamos de uma reforma da Previdência Social. Qual reforma? Vamos debater com a sociedade, sem atropelos.  

O que o dólar tem a ver com essa incerteza eleitoral? Tudo a ver. Não é segredo para ninguém que o mercado (composto por empresários, analistas e investidores nacionais e estrangeiros) defende uma agenda reformista. Neste momento, a avaliação quase consensual dos investidores é a de que a esquerda, representada por Lula/Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT), significa um risco às reformas. Portanto, todas as vezes que as pesquisas apontam a esquerda ganhando força, o dólar sobe. É o que vem ocorrendo nas últimas semanas.

É importante ressaltar que esse movimento já foi vivenciado em alta voltagem em 2002, quando a perspectiva de eleição de Lula levou o dólar a R$ 4,00. Detalhe: o valor de R$ 4,00 em 2002 equivale a quase R$ 8,00 agora, em 2018. Portanto, se você acha que o dólar atual está caro, imagine lá em 2002.

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Ah, sim, faltou um detalhe: como fica a sua viagem para a Disney? Lamento informar que aquele abraço carinhoso no Pateta ficou mais caro. E não há nada no horizonte eleitoral nem internacional, no curto prazo, que indique um retorno do dólar ao patamar de R$ 3,30, que predominava cinco meses atrás. Quer saber mais sobre o assunto? Assista, a seguir, a um vídeo recente em que eu comento no meu canal no YouTube “A Economia Sem Gravata” sobre comprar dólar agora ou esperar a eleição, em outubro.


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