O planejamento de carreira foi um dos destaques do quarto dia de Campus Party 2017. O evento apresentou uma palestra sobre liderança na era digital com Nathalie Trutmann, diretora na Hyper Island, uma escola de empreendedorismo criativo. Ela deu dicas de como ser um líder em um momento de mudanças aceleradas que pede mentes cada vez mais inovadoras.

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Nathalie também é diretora de inovação na Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP). Até 2004, trabalhava como gerente de produtos, mas estava descontente em sua empresa. O incômodo na vida profissional a fez buscar novos rumos, em um local inesperado, mesmo que não tivesse um plano bem definido. Decidiu se mudar para o Sri Lanka, meses antes do país sofrer com um tsunami que deixou cerca de 230 mil mortos. A tragédia foi apenas uma das experiências que a fizeram sair de sua zona de conforto e estar mais preparada para ser uma líder .

Nathalie Trutmann diz que exercícios simples podem tirar uma pessoa do status quo e prepará-la para se tornar líder
Gabriel Maciel/Cintia Souza/Campus Party
Nathalie Trutmann diz que exercícios simples podem tirar uma pessoa do status quo e prepará-la para se tornar líder

Antes disso, havia decidido comprar um veleiro com sua amiga mesmo sem saber velejar. Segundo ela, as duas tiveram um enorme prejuízo – a embarcação tinha problemas no casco e no sistema elétrico –, mas o problema permitiu que elas vivenciassem algo único. Os acontecimentos com Nathalie pediam altos investimentos, mas sair do lugar comum pode ser muito mais barato.

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De acordo com Nathalie, um simples quadrado preto desenhado na nossa testa pode nos tirar do  status quo . A experiência de ser diferente dos outros – e até se sentir um pouco ridículo perante os conhecidos – nos permite ter uma visão que se distancia do comportamento da maioria. É importante estar sempre “procurando ser melhor” e “estar nesse constante incômodo”.

Nascimento de uma cultura

O ano do tsunami no Sri Lanka também foi marcado pela fundação do Facebook, a maior rede social do mundo, atualmente. Assim como tantas outras empresas fundadas nos últimos anos, a empresa de Mark Zuckerberg estabeleceu uma cultura que permite aos funcionários se sentirem desafiados. O mesmo não acontecia nas empresas convencionais, como a que Nathalie trabalhava.

“Eu não sabia que o Facebook tinha nascido, não sabia que ia acontecer o tsunami. A única coisa que eu sabia era que, na empresa multinacional em que eu estava, eu não estava feliz”, lembra. Mesmo distante dos grandes centros, Nathalie buscava a mesma coisa que as empresas que se destacariam no ano seguinte.

Companhias desafiadoras

Quem deseja liderar precisa estar rodeado de pessoas que ofereçam desafios que lhe permitam evoluir. Nathalie acredita que não basta ser um bom profissional. O importante é ser um dos melhores. “As pessoas que são boas, normalmente, gostam de reforçar que são boas. Então ficam rodeadas só de pessoas que são iguais ou piores a ela para reforçar que elas são as melhores. Mas quando você quer ser world class [classe mundial, em tradução livre], tem que, propositalmente, se colocar em situações de fracasso”.

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O objetivo é utilizar o incômodo de estar abaixo de outras pessoas para estimular um crescimento pessoal. Também é necessário se perguntar: "O que aprendi ontem? O que gostaria de aprender hoje? O que vou aprender amanhã?". Para Nathalie, em nosso dia a dia, só reforçamos o que a gente sabe. "Quando a gente faz esse exercício, repara: 'nossa, passei um dia inteiro e não aprendi nada'". O mais valioso para o líder, segundo ela, é trabalhar para que se apareçam dúvidas e, não somente, certezas.

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