
A paralisação do governo dos Estados Unidos, iniciada em 1º de outubro de 2025 e que se tornou a mais longa da história do país, pode estar chegando ao fim. O Senado norte-americano aprovou um projeto de lei que inclui um pacote de medidas sobre os gastos sobre os serviços federais do próximo ano.
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O projeto ainda precisa ser aprovado pela Câmara dos Representantes e sancionado pelo presidente Donald Trump, sem data ainda para ser votado. A expectativa é que a medida avance nos próximos dias e dê fim ao shutdown, que já dura 42 dias.
Impactos do maior shutdown

A paralisação do governo interrompeu serviços públicos, como órgãos de saúde e programas sociais, e colocou cerca de 700 mil funcionários federais em licença não remunerada. Ele também reduziu voos em grandes aeroportos do país. O shutdown ocorreu pela falta de acordo entre Republicanos e Democratas no Congresso, responsáveis pela aprovação do orçamento anual.
Para o economista e professor Reinaldo Soares de Camargo, doutor em Economia pela Universidade Católica de Brasília, com formação em Matemática pela PUC Goiás e especialização em Ciência de Dados e Inteligência Artificial aplicada a finanças, o impacto da paralisação ultrapassa a dimensão política.
“O shutdown norte-americano não é apenas um impasse orçamentário — é um fenômeno com efeitos econômicos robustos, sociais relevantes e institucionais profundos”, observa, em entrevista ao portal iG.
Segundo Camargo, os custos da prolongada paralisação da verba federal são imediatos: a Casa Branca estima uma perda de cerca de US$ 15 bilhões (R$ 79,5 bi) por semana no Produto Interno Bruto enquanto durar o shutdown, o que, a longo prazo, pode se tornar irreversível.
Um levantamento do banco J.P. Morgan aponta que a paralisação pode reduzir o crescimento do PIB em até 0,2% por semana e causar a perda de aproximadamente 43 mil empregos se o impasse persistir por um mês.
O mesmo estudo alerta para o potencial de perda de aproximadamente 43 mil empregos adicionais se o atraso persistir por um mês. Enquanto programas essenciais como Medicare e Medicaid continuam operando, diversas agências de pesquisa, saúde e assistência social estão praticamente paralisadas.
Acordo em andamento
Nesta segunda-feira (10), os republicanos, partido do presidente Donald Trump e que forma maioria no Senado, aceitaram uma proposta democrata de votar, no mês que vem, a ampliação de subsídios da chamada "Lei de Cuidados Acessíveis", sobre tratamentos públicos de saúde.
Em contrapartida, os democratas votaram a favor do projeto orçamentário. A paralisação também afeta aproximadamente 1,4 milhão de servidores que continuaram trabalhando sem receber pagamento, incluindo no serviço militar.
O economista avalia que a duração prolongada pode afetar a reputação do mercado norte-americano a longo prazo, com aumento do custo de financiamento público se a confiança do mercado for afetada.
"Quanto mais tempo o governo ficar sem operar plenamente, maior o risco de que determinados serviços deem lugar permanente à estagnação ou que a reiniciação dos mesmos leve mais tempo ou custos adicionais", diz Camargo.
