As novas tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos a mais de 70 países entraram oficialmente em vigor nesta quinta-feira (7), marcando uma nova fase na política comercial norte-americana.
A decisão, anunciada na última quinta-feira (31) por meio de uma ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump, estabelece sobretaxas que variam entre 10% e 41%, sob o argumento de proteger a segurança nacional e a economia dos EUA .
O Brasil está entre os países mais afetados , com uma alíquota final de 50% sobre suas exportações.
Segundo o decreto, as tarifas aplicadas ao país consistem em uma taxa-base de 10%, acrescida de um reajuste adicional de 40%, o que deve impactar diretamente setores como agronegócio, siderurgia e produtos industrializados.
A taxa sobre o Brasil entrou em vigor nesta quarta-feira .
A União Europeia também foi incluída na medida, mas com um modelo diferenciado: produtos com tarifas inferiores a 15% passarão a pagar uma alíquota total de 15%, somando a tarifa atual e o novo acréscimo, enquanto aqueles com taxas iguais ou superiores a 15% se manterão sem tarifas adicionais.
Já países como Suíça (39%), Laos (40%), Mianmar (40%) e Síria (41%) estão entre os mais atingidos.
Para as nações que não foram citadas nominalmente na ordem, será aplicada uma tarifa-padrão adicional de 10% .
Segundo a Casa Branca, a medida se baseia em novas recomendações de autoridades ligadas ao comércio, segurança e indústria.
Fiscalização contra fraudes
A nova política de Trump inclui também medidas para coibir fraudes tarifárias, como o transbordo — prática em que um produto muda de país de origem apenas para driblar impostos. Nestes casos, a sobretaxa será de 40%, além de multas e outras sanções .
A fiscalização ficará a cargo dos Departamentos de Comércio e Segurança Interna e do Escritório do Representante de Comércio dos EUA, que deverão emitir relatórios semestrais identificando países e empresas envolvidas em práticas de evasão.
Tarifas no Brasil
O governo brasileiro formalizou nesta quarta-feira (6) um pedido de consultas aos Estados Unidos no âmbito do Sistema de Solução de Controvérsias da Organização Mundial do Comércio ( OMC ).
A solicitação representa o primeiro passo oficial de uma disputa envolvendo tarifas unilaterais impostas pelos EUA a produtos brasileiros.
De acordo com comunicado do Ministério das Relações Exteriores, o Brasil contesta duas ordens executivas emitidas pela Casa Branca — uma em 2 de abril e outra em 30 de julho de 2025 — que autorizam a aplicação de tarifas de até 50% sobre uma ampla gama de itens nacionais.
As sobretaxas foram justificadas com base em legislações internas norte-americanas, como a Lei dos Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA) e a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 .
A administração brasileira argumenta que as medidas violam compromissos firmados pelos Estados Unidos na OMC, entre eles o princípio da nação mais favorecida — que garante tratamento igualitário a todos os membros da organização — e os limites tarifários previamente acordados no organismo internacional.
Outras medidas tarifárias de Trump
Donald Trump, anunciou também nesta quarta-feira a imposição de uma tarifa adicional de 25% sobre as importações vindas da Índia .
Com a nova taxação anunciada, as tarifas totais à Índia saltam para 50%.
A justificativa para o aumento tarifário seria uma penalização voltada às nações que seguem comprando petróleo russo, contrariando os interesses geopolíticos dos EUA.
A recente decisão gerou preocupações quanto à possibilidade de o Brasil também ser alvo de sanções semelhantes, uma vez que o país mantém relações comerciais com a Rússia.