
Em nova polêmica envolvendo a agência de viagens brasileira Hurb, antiga Hotel Urbano, ex-funcionários demitidos nos últimos meses alegam não ter recebido as verbas rescisórias previstas, levando os casos para a esfera judicial. A apuração feita pela CBN obteve relatos de que, em muitos casos, o prejuízo é de cerca de R$ 50 mil.
A empresa teria promovido uma demissão em massa em fevereiro em todos os setores. Estima-se que centenas de profissionais foram afetados pela mudança. Segundo a CBN, desde então, as ações trabalhistas dispararam: são ao menos 50 no Rio de Janeiro e em São Paulo apenas este ano, contra 222 nos últimos dois anos.
Empresa não teria pago direitos trabalhistas

Uma funcionária, que afirmou trabalhar no setor de reembolsos aos consumidores, e que estava na Hurb desde 2021, calcula que não recebeu cerca de R$ 42 mil, referentes a pagamentos de décimo terceiro salário, aviso prévio, férias, FGTS e multas.
Ela contou que a empresa ofereceu aos funcionários demitidos o notebook e outros equipamentos que eles usavam no dia a dia do trabalho. À CBN, a ex-funcionária disseque que ela e vários outros ex-colegas aceitaram a proposta, apesar de ser pouco em relação ao que teria direito.
"Eu não tenho perspectiva nenhuma no futuro de receber esses valores de rescisão, então eu imaginei que, muito entre aspas, seria uma forma de não ter um prejuízo total”, contou ao site da rádio.
Outro ex-funcionário relata que trabalhou na Hurb por aproximadamente dois anos antes de ser incluído na demissão coletiva. Ele afirma ter cerca de R$ 15 mil em verbas trabalhistas ainda não recebidas, e também cobra o ressarcimento de R$ 3 mil referentes a uma viagem da própria empresa que adquiriu, mas nunca conseguiu realizar.
Suspensão da TAC
Após as demissões, a Hurb encerrou as atividades em sua sede, localizada na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. A empresa também teve seu Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) cancelado pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). A empresa também foi proibida de comercializar pacotes com datas flexíveis, até que comprove a capacidade de cumprir os contratos já firmados.
No dia 10 de abril, a Senacon decidiu pela inviabilidade de continuar as negociações com a empresa Hurb, apontando para, entre outras medidas, a retomada do processo administrativo. Quase 90 mil consumidores já registraram reclamações contra a Hurb nas plataformas da Senacon.
“Foram 12 meses de negociação sem que a empresa demonstrasse efetivamente a possibilidade de cumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta, sem a entrega de documentação comprobatória, além de alterações dos representantes legais e a inviabilidade operacional, técnica e financeira”, informa a Senacon em nota.
O Portal iG entrou em contato com a Hurb perguntando sobre o caso. A matéria será atualizada assim que tivermos uma resposta.