A ministra do Comércio Exterior da França , Sophie Primas , afirmou nesta sexta-feira (6) que o país lutará contra a implementação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia “em cada passo do caminho”.
Ela destacou que a França conta com o apoio de outros Estados-membros que compartilham a mesma visão contrária ao tratado.
O acordo de livre comércio, negociado durante 25 anos, foi oficialmente anunciado na manhã desta sexta pela presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, após a reunião de líderes dos blocos na cúpula do Mercosul, realizada em Montevidéu, no Uruguai.
Há tempos, a França critica o acordo, argumentando que ele oferece condições “desiguais de competitividade” para produtos agrícolas do Mercosul, prejudicando os agricultores europeus. Nos últimos meses, manifestações na França reuniram produtores locais contrários à assinatura.
“A luta não acabou”, declarou a ministra Primas em publicação na rede social X. Ela reforçou que o anúncio realizado em Montevidéu não equivale à assinatura do acordo, mas à conclusão política da negociação.
“Isso não vincula os Estados-Membros. Cabe agora ao Conselho Europeu e depois ao Parlamento Europeu exprimirem-se. A França lutará em cada passo do caminho ao lado dos Estados membros que partilham a sua visão”, afirmou Primas.
Além da França, países como Polônia, Áustria, Holanda e Itália também demonstraram divisões sobre o tema.
Próximos passos
Apesar do anúncio do acordo, os termos ainda precisam passar por diversas etapas antes de serem implementados.
A União Europeia informou que a conclusão das negociações anunciada nesta sexta representa apenas o "primeiro passo em direção à conclusão do acordo".
Os próximos passos incluem:
- Revisão legal do texto;
- Tradução para as 23 línguas oficiais da União Europeia e para português e espanhol, as línguas oficiais do Mercosul;
- Assinatura dos líderes dos dois blocos;
- Aprovação interna dos países membros, incluindo o Conselho da União Europeia, uma das etapas mais desafiadoras;
- Finalização dos trâmites de ratificação para que o acordo entre em vigor.
Até lá, o texto segue sem efeitos práticos, e o desfecho dependerá da superação das resistências internas nos dois blocos.